CPI do MEC ‘seria apenas um palanque armado com objetivos eleitoreiros’, afirma Alvaro Dias

Líder do Podemos no Senado Federal afirma que tem histórico de assinar pela abertura de todas, mas que se negou a apoiar essa por se tratar de um ano de eleições

  • Por Jovem Pan
  • 10/04/2022 13h17
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Eliane Neves/Estadão Conteúdo Álvaro Dias Álvaro Dias, líder do Podemos no Senado Federal

Neste domingo, 10, o senador Alvaro Dias (Podemos-PR), líder do Podemos no Senado, concedeu uma entrevista ao vivo para o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, para falar sobre a possibilidade de abertura de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) na Casa para investigar os repasses do Ministério da Educação (MEC) para prefeituras de diversas partes do Brasil. A investigação seria motivada pelo escândalo que estourou na imprensa por causa de um áudio do ex-ministro Milton Ribeiro afirmando favorecer pastores no caso de repasses. Segundo Dias, essa foi a primeira vez que ele não apoiou a abertura de uma CPI, por considerar que ela ‘seria apenas um palanque armado com objetivos eleitoreiros’. “Em ano eleitoral, especialimente na situação do Brasil, uma CPI é um palanque. E nós já vimos isso na CPI da Covid. Era importante aquela CPI, mas infelizmente ela não atuou como deveria”, disse Dias.

“Os senadores Oriovisto e Styvenson haviam assinado por adotar essa prática [de assinar pela abertura de todas as CPIs] como rotina e, depois da análise que fizeram, retiraram as assinaturas. É um ano eleitoral. Não é só porque o coordenador da campanha do ex-presidente Lula é o autor do requerimento, não é só por isso. Nós já tivemos uma experiência com a CPI da Covid, é um palanque que se arma. Na verdade, não se investiga para valer. A CPI é uma investigação política. A investigação judiciária já está em curso. O Tribunal de Contas da União já foi acionado, a ministra Carmen Lucia já determinou a investigação, o Ministério Público já foi acionado, a comissão de Educação do Senado já está ouvindo os envolvidos, portanto a CPI seria apenas um palanque armado com objetivos eleitoreiros. Infeliz da nação que não tem uma oposição responsável. A oposição é necessária, é imprescindível. Mas há que ser responsável”, declarou o senador.

Ele ainda defendeu a importância do Congresso Nacional legislar sobre as comissões parlamentares de inquérito, com o objetivo de impedir possíveis palanques eleitorais dentro das Casas do Legislativo. “Nós não podemos banalizar esse instrumento, que é um instituto essencial para a fiscalização. É uma responsabilidade do poder Legislativo fiscalizar o Executivo, mas é preciso ter responsabilidade. Se nós ficarmos usando a CPI como palanque eleitoral, nós vamos banalizar a CPI e desmoralizar esse instituto essencial no Estado de Direito”, afirmou. Para evitar que essa e quaisquer outras CPIs sejam instauradas com objetivos políticos, o Alvaro Dias defende que o Congresso Nacional legisle sobre a criação dessas comissões. “Nós precisamos normatizar o funcionamento de CPIs (…) É por isso que se diz que CPI termina em pizza, porque muitas vezes ela se instala, se transforma em um palanque eleitoral, vem um relatório chapa-branca muitas vezes, governista, que não indicia ninguém, vai para o Ministério Público e nada ocorre. Tivemos exceções honrosas a essa regra, como a CPI dos Correios”, pontuou.

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