Crianças brasileiras deportadas dos EUA para o Haiti devem ser repatriadas, afirma deputado
Segundo o parlamentar Gurgel, o Itamaraty já se comprometeu em trazer os menores de volta ao país; maior desafio no momento é a vinda dos pais, que não nasceram no Brasil e não possuem nacionalidade
O deputado federal Gurgel (PSL-RJ) articula a repatriação de dezenas de crianças brasileiras que foram deportadas dos Estados Unidos (EUA) para o Haiti. Em entrevista ao Jornal da Manhã nesta terça-feira, 26, ele afirmou que já foram identificadas 84 crianças e que ainda é necessário entender muitas questões, como o porquê de elas não terem sido deportadas diretamente para o Brasil, se não portavam documentos, como se deu o processo. O deputado disse que vem recebendo apoio do Itamaraty e do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos na questão e que o Governo Federal já se comprometeu a trazer as crianças brasileiras de volta ao país, caso os pais desejem essa repatriação. Segundo ele, o maior desafio no momento é em relação aos pais que, por não serem brasileiros, não podem ter a volta custeada pela União.
“O primeiro passo foi comunicar os órgãos do setor, o Itamaraty, o Ministério de Direitos Humanos, o direito da criança. Nós fizemos um esforço grande, porque a dificuldade maior era identificar as crianças. O Haiti vive os problemas que a gente já conhece e a desorganização interna lá dificultou muito a gente encontrá-las. A princípio, identificamos 84 crianças e o Executivo, pelo Itamaraty, já se comprometeu a repatriá-las, ou seja, vai trazê-las de volta ao Brasil, aquelas que desejarem, que seus pais desejarem. O problema que a gente tem hoje é que o Brasil, o Itamaraty, não pode, custear a volta dos pais, porque só pode custear a volta de brasileiros. Então, estamos agora com outro esforço para entender como podemos ajudar nisso, como a gente pede à Câmara dos Deputados, como é que o Brasil, como um todo, pode ajudar na volta desses pais. Porque as crianças, a princípio, estaria resolvido a volta delas para cá, porque são brasileiras, nasceram aqui”, afirmou. Sobre o apoio que vem recebendo do Governo Federal na questão, Gurgel elogiou a atuação dos ministérios: “O Itamaraty e o Ministério de Direitos Humanos foram muito eficazes, muito proativos, adotaram todas as medidas possíveis, acionaram todo o mundo”.
Questionado sobre o fato das crianças não terem sido deportadas diretamente para o Brasil, o deputado federal disse que ainda há muitas questões para entender, que podem envolver a identificação dessas crianças e as legislações dos EUA. “Nos Estados Unidos há uma política um pouco complicada nesse sentido [de deportação e imigração]. Eu queria até entender melhor isso, pensei até em formar uma comissão e ir ao país, mas como a gente está na pandemia, saindo da pandemia agora, eu não sei se é o caso. Vamos estudar ainda e ver o que a gente pode fazer. De fato, eu acho que, talvez, eles possam não ter identificado que eram brasileiros. Como foram do México para lá [para os Estados Unidos], não sei se estavam portando documentos. Há uma série de detalhes que a gente ainda precisa entender para não não falar alguma coisa que não tenha razoabilidade. Mas há que ter um carinho e um respeito maior pelo cidadão brasileiro, que é uma nação amiga, tem uma reciprocidade de respeito. Então isso também vai ser questionado. Falta agora entender o modo que nós vamos trabalhar isso para não ser inoportuno o momento”, finalizou Gurgel.
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