Custo de vida dos idosos em São Paulo registra alta de quase 9% em um ano

Levantamento aponta que mais da metade dos entrevistados deixaram de pagar ou pagaram com atraso alguma despesa nos últimos seis meses, como conta de luz, cartão de crédito, água e IPTU

  • Por Jovem Pan
  • 10/07/2021 07h05 - Atualizado em 10/07/2021 07h10
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MAURO AKIIN NASSOR/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO Idoso olha da porta de casa a rua De acordo com a pesquisa, 49% dos entrevistados relatam que não possuem dinheiro guardado

O custo de vida dos idosos na cidade de São Paulo registrou alta de quase 9% nos últimos 12 meses. É o que o mostra um novo índice criado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas para medir a inflação que afeta as famílias compostas por pessoas a partir dos 60 anos e com faixa de renda familiar entre um e dez salários mínimos. Segundo dados do IBGE, esse público corresponde a cerca de 33 milhões de pessoas. O economista da Fipe, Guilherme Moreira, explica que a pandemia prejudicou ainda mais a distribuição de renda no Brasil, afetando principalmente os mais velhos. “Você tem um grupo de pessoas que já tinham dificuldade antes, que o emprego é precário que depende da rua, depende de sair, que teve restrições e que foi o grupo que mais sofreu, já era sofrido e agravou ainda mais. A distribuição de renda no Brasil piorou muito depois da pandemia, o que prejudicou demais essa faixa da população que não pode fazer home office, tem emprego precário, que é vendas, a diarista, o auxiliar de pedreiro. São pessoas que ficaram reclusas, perderam a renda e não tiveram mecanismos de proteção.”

Moreira diz que certos gastos, como saúde e habitação, têm maior peso do que outros no orçamento dos idosos. “A maioria das pessoas quando chegam nessa idade tem que consumir remédios de uso contínuo, uma série de coisas que a gente vai desenvolvendo com idade que tem que ter medicação e a gente sabe o quanto subiu o medicamento. Essas pessoas passam mais tempo em casa e, portanto, gastam mais na residência, gás, energia, pequenas reformas”, disse. Para reverter esse cenário, o economista defende que políticas públicas sejam pensadas para aumentar o poder de compra dos mais velhos. “A saída para isso é a volta da atividade econômica plena, a volta do emprego, da renda. Ou seja, o país voltar ao normal, sair dessa pandemia e voltar a crescer. Não tem milagre. Sem crescimento econômico não tem renda”, pontua. Com menos dinheiro no bolso, mais da metade dos idosos relatam que deixaram de pagar ou pagaram com atraso alguma despesa nos últimos seis meses.

A conclusão é de um levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas e pelo Serviço de Proteção ao Crédito. Entre os principais motivos estão a diminuição da renda e a falta de planejamento dos gastos. As principais contas em atraso pelos idosos foram luz, cartão de crédito, água e IPTU. Segundo a especialista em finanças da CNDL, Merula Borges, os dados refletem um novo cenário com o aumento da expectativa de vida no Brasil. “A pesquisa mostrou que as pessoas não pensam muito no longo prazo, abrir mão de recompensas imediatas para postergar essas recompensas para se construir uma situação futura melhor, financeiramente, é uma questão de raciocínio que precisa ser desenvolvida ao longo da vida”, explicou. De acordo com a pesquisa, 49% dos entrevistados relatam que não possuem dinheiro guardado. O levantamento aponta que 63% dos que não têm reservas justificaram que nunca sobrou dinheiro, sobretudo nas classes menos favorecidas.

*Com informações da repórter Letícia Santini

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