Decisão de Trump de retirar militares da Alemanha não é bem recebida na Europa
Países integrantes da Aliança se comprometeram a gastar 2% de seus PIBs em defesa até 2024; a Alemanha, de fato, não cumpre essa regra
A decisão do presidente americano de retirar cerca de 12 mil militares da Alemanha não foi bem recebida na Europa e está dividindo opiniões. O anúncio feito por Donald Trump na quarta-feira (29) e confirmou a ameaça que ele já vinha fazendo há algum tempo por conta das contribuições à OTAN. Os países integrantes da aliança militar do Atlântico Norte se comprometeram a gastar 2% de seus PIBs em defesa até 2024. A Alemanha, de fato, não cumpre essa regra — suas despesas no setor de defesa estão hoje mais próximas de 1,5% do PIB. Por isso, Trump utiliza até um vocabulário bastante hostil contra o governo de Berlim chamando o país de delinquente.
A decisão anunciada ontem prevê que 6.400 militares retornem aos Estados Unidos, de onde poderiam ser usados para rotações no leste europeu e em outras partes do mundo, enquanto outros 5.600 serão reposicionados em outros países da OTAN — principalmente na Bélgica e na Itália. Embora os argumentos de Trump sejam verdadeiros a questão é um pouco mais profunda. Na prática, são poucos os membros da OTAN que de fato cumprem as regras de investimento — Bélgica e Itália, por exemplo, investem menos que a Alemanha.
Fora isso, também está sendo questionada a viabilidade da operação que vai custar caro, levar tempo e ainda pode fragilizar a segurança do continente europeu. Críticos da decisão de Donald Trump afirmam que a mobilização das tropas enfraquece a relação com a Alemanha, que é um grande parceiro europeu dos Estados Unidos — além de diminuir a capacidade do continente de reagir à possíveis ameaças da Rússia. O primeiro-ministro da Baviera, Markus Söder, criticou o plano de retirada dos EUA, acrescentando que ele não serve a nenhum propósito militar claro e até enfraquece a aliança da OTAN e os próprios Estados Unidos.
Trump, escrevem os jornais europeus, teria uma longa obsessão e até antipatia contra Angela Merkel — e isso não tem nada a ver com defesa, mas sim com comércio. Oficialmente, o governo de Berlim ainda não deixou claro qual será sua resposta, mas já há pressão para que o país cancele uma encomenda de 45 caças da Boeing que havia sido anunciada em abril passado.
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