Depoimento de Pazuello à CPI continua nesta quinta; Renan quer ‘checar’ falas de ex-ministro

Em depoimento, ele falou sobre as tratativas com a Pfizer, negou interferência de Bolsonaro no Ministério da Saúde e rebateu senadores; parlamentares acusam o general de mentir durante a oitiva

  • Por Jovem Pan
  • 20/05/2021 07h38 - Atualizado em 20/05/2021 09h10
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Edilson Rodrigues/Agência Senado O ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, durante depoimento na CPI da Covid-19 General admite que gostaria de ter se reunido mais com Jair Bolsonaro e com os filhos do presidente durante a gestão no ministério

O depoimento do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, continua nesta quinta-feira, 20 na CPI da Covid-19. A oitiva foi suspensa na tarde desta quarta-feira após o início das votações no plenário do Senado Federal. Como ainda havia 23 senadores inscritos para falar na comissão, a continuidade dos trabalhos ficou para às 9h30 de hoje. Segundo o senador Otto Alencar, que é médico, Pazuello chegou a sentir um mal estar, foi atendido pelo próprio parlamentar e rapidamente se recuperou. Ao sair do Senado, o general negou. No depoimento, o ex-ministro disse que não recusou oferta da Pfizer, mas argumentou que cláusulas eram assustadoras. Mesmo amparado por habeas corpus para ficar em silêncio, o general avisou que não se esquivaria de qualquer pergunta. No entanto, em inúmeros momentos, ele foi cobrado pelos senadores a dar explicações objetivas e acusou o relator de tentar induzir respostas. Questionado sobre por que classificou como “leoninos” os contratos com a Pfizer, Eduardo Pazuello rebateu. “Estávamos falando de pagamento adiantando, estavam falando de assinatura do presidente da República em contrato, o que não existe na nossa legislação, e estávamos falando de não existirem multas em caso de atraso na entrega. A primeira vez que ouvi isso achei muito estranho”, disse o ex-ministro da Saúde, afirmando ainda que se empenhou para resolver os entraves em relação à vacina.

O relator, senador Renan Calheiros (MDB) insistiu em saber porque sete propostas ficaram sem resposta e Eduardo Pazuello reagiu. “Nós nunca fechamos a porta, queremos comprar a Pfizer o tempo todo. O senhor me desculpe, acho que o senhor está conduzindo a conversa”, disse, sendo interrompido por senadores para que respondesse à pergunta. “Não posso negociar com a empresa, quem negocia é o nível administrativo, não é o ministro. O ministro jamais negocia com uma empresa, o senhor deveria saber disso”, afirmou em resposta ao relator. O general disse ter recebido uma recomendação contrária de órgãos de controle, como o Tribunal de Contas da União, para a compra da vacina da Pfizer. Em nota, o próprio TCU informou que em nenhum momento se posicionou de forma contrária ou desaconselhou a contratação do imunizante.

O ex-ministro da Saúde negou ainda negou que o presidente Jair Bolsonaro tenha interferido interferiu para adiar contratos com a Pfizer ou com o Instituo Butantan. O ex-ministro amenizou posições de Bolsonaro contra a CoronaVac. “Nunca o presidente da República mandou eu desfazer qualquer contrato, qualquer acordo com o Butantan. Queria lembrar que o presidente fala como chefe de Estado, como chefe de governo, como comandante das Forças Armadas, mas fala também como agente político”, pontuou, reiterando que as decisões do ministério nunca tiveram interferência do mandatário. O ex-titular da Saúde nega a existência de qualquer grupo paralelo de aconselhamento. “Nenhuma vez eu fui chamado para ser orientado pelo presidente da República de forma diferente por aconselhamentos externos. Nunca, nenhuma vez. Não quero dizer com isso que, qualquer pessoa, principalmente um presidente da República, não ouça, não levante dados ou não procure avaliar o que está acontecendo em volta dele.”

O general admite que gostaria de ter se reunido mais com Jair Bolsonaro e com os filhos do presidente durante a gestão no ministério. O ex-ministro defendeu a cloroquina como tratamento precoce para o coronavírus e citou o Conselho Federal de Medicina. “Nós, seguindo o conselho colocamos da seguinte forma: ‘médico, se você resolver prescrever os seguintes medicamentos, que estão hoje público e notórios usados, atenção para a questão de segurança'”, afirmou.  O general garante que aceitou todas as ofertas de compra de oxigênio para Manaus. Ele argumentou que a falta do insumo demorou apenas três dias e o senador Eduardo Braga (MDB) o chamou de mentiroso. “Não faltou oxigênio no Amazonas apenas três dias, pelo amor de Deus. Pelo amor de Deus, faltou oxigênio na cidade de Manaus mais de 20 dias, é só ver o número de mortos. É só ver o desespero das pessoas tentando chegar ao oxigênio. O senhor sabe quando foi o pico das mortes no mês de janeiro no Amazonas? Nós tivemos pico de morte de oxigênio no Amazonas inclusive no dia 30 de janeiro”, ressaltou o parlamentar.

Após a reunião, outros senadores acusaram Pazuello de ter mentido nas respostas. Como o relator, senador Renan Calheiros. “Mas ele chegou ao cúmulo de negar declarações públicas dele mesmo e do presidente da República, tanto que vou sugerir ao presidente da comissão e ao vice-presidente a contratação de uma agência checadora da verdade para que a a Comissão Parlamentar de Inquérito possa acompanhar online e checar essas mentiras que reiteradamente estão sendo ditas”, disse. Já o senador Marcos Rogério (DEM) acredita que Pazuello desmentiu as acusações da oposição. “Fizeram uma sequência de perguntas e o ministro respondeu à todas, não se esquivou de nenhum questionamento. Portanto, as respostas do ministro com relação à gestão no Ministério da Saúde espanca as acusações, traz luz aos fatos e, de sorte, sepulta as acusações infundadas feitas até aqui com relação ao enfrentamento à pandemia”, afirmou. O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede) pediu a quebra de sigilo telefônico, telemático, bancário e fiscal de Eduardo Pazuello. O pedido foi feito após uma denúncia sobre contratações do Ministério da Saúde feitas no Rio de Janeiro.

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