Eleição na Colômbia traz ‘insegurança’, mas não deve refletir no Brasil, diz especialista

Professor Alberto Pfeifer avalia reflexos da vitória de Gustavo Petro no Brasil, mas explica que não há grandes conexões entre os países

  • Por Jovem Pan
  • 20/06/2022 10h43 - Atualizado em 20/06/2022 10h47
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EFE/ Mauricio Dueñas Castaneda Gustavo Petro O presidente eleito Gustavo Petro celebra mais de 11.270.944 votos, equivalentes a 50,49 %

A população da Colômbia elegeu neste domingo, 19, pela primeira vez, um candidato de esquerda à presidência. Economista e ex-guerrilheiro, Gustavo Petro recebeu 50,49% dos votos, frente 47,27% de Rodolfo Hernández, nome da tradicional direita colombiana. Na avaliação de Alberto Pfeifer, coordenador geral do Grupo de Análise da Conjuntura Internacional da Universidade de São Paulo, o resultado demonstra uma “eleição de minoria” e reflete um desencanto da população com o processo eleitoral. “São quase 40 milhões de eleitores e Gustavo ganhou com 11 milhões de votos. Similar ao que aconteceu no Chile e representa a eleição da minoria nos processos e regimes democráticos contemporâneos. A minoria escolhe pela maioria”, avaliou o professor, em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News.

Na visão de Alberto Pfeifer, a intensa polarização criada entre Petro e Hernández justifica esse desencanto com o processo eleitoral. Agora, segundo ele, caberá que as ideias da esquerda sejam “testadas” pela primeira vez na Colômbia e as perspectivas não são claras. “Esse é o grande enigma, a grande interrogação. No Brasil, México, Argentina, a presença da esquerda é algo que faz parte do cenário político, do cenário eleitoral. Na Colômbia não. Então, as perspectivas são bastante inseguras quanto ao que acontecerá. A Colômbia tem tido um manejo macroeconômico muito estável. É membro da OCDE, não teve problemas de inflação nas últimas décadas e há uma dúvida quanto a capacidade dos atuais gestores econômicos de seguirem conduzindo o país”, afirmou o coordenador.

Quanto aos impactos no Brasil, o professor Alberto Pfeifer foi direto: embora não haja um grande envolvimento entre as potências latino-americanas, é preciso observar as relações e acordos internacionais futuros a serem firmados pelo governo de Gustavo Petro, especialmente com Estados Unidos e China. “O cenário na Colômbia, o cenário interno, é bastante agudo ainda. Há setores ligados à criminalidade organizada, ao narcotráfico, setores ligados à guerrilha ideológica. Não é perspectiva ainda muito certa, esperamos que, considerando também o relacionamento muito próximo com a Venezuela, que deve ser estreitado, que talvez tenhamos dificuldades com relação ao crime organizado naquele país”, finalizou.

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