Em 2020, um em cada cinco casos de melanoma não foi diagnosticado em função da pandemia

No ano passado, em virtude do distanciamento social imposto pela crise sanitária, 33,6% das consultas dermatológicas foram adiadas

  • Por Jovem Pan
  • 15/06/2021 07h42 - Atualizado em 15/06/2021 10h33
Chezbeate/Pixabay Dedo de uma pessoa espalhando protetor solar na pele Para evitar câncer de pele, é preciso manter o uso diário, pelo menos três vezes ao dia, do protetor solar

Em agosto de 2019, Patrícia percebeu que estava com uma mancha no rosto que mudava de tamanho dependendo do dia. Entre algumas consultas no dermatologista e a pandemia, demorou quase um ano para que ela conseguisse o diagnóstico de câncer de pele. “Até então, era uma uma ‘manchinha’. Foi bem no ano em que eu havia perdido a minha mãe. Eu achava que era a parte emocional. Você não leva como um câncer de pele. A gente não lembra que lá atrás, muitos anos atrás, eu abusava [do sol]”, relata. Depois do diagnóstico, Patrícia fez uma cirurgia no local e está bem. “Agora é fazer o acompanhamento de seis em seis meses e protetor, que é uma coisa que a gente não usa, pelo menos eu nunca fui de usar. A dermatologista me pediu para que usasse todos os dias, mesmo em casa, porque a luz, a televisão, tudo isso prejudica [a pele]”, explicou.

O caso dela, no entanto, não foi o único que demorou para ser tratado. No ano passado, 21% dos melanomas, o tipo mais agressivo de câncer de pele, não foram diagnosticados por conta da Covid-19, ou seja, um em cada cinco casos que surgem no mundo. Os dados são pesquisa mundial realizada pela Coalizão Global para Defesa do Paciente com Melanoma, que também descobriu que 33,6% das consultas ao longo de 2020 foram adiadas. A dermatologista Talita Pompermaier explica que pessoas de pele, olhos e cabelos claros tem mais propensão a desenvolver a doença, mas que o ideal é que todos fiquem atentos e mantenham consultas periódicas com especialistas. “Os principais sinais são pintas, manchas suspeitas na pele. Elas podem ser escuras, de tonalidade rosa, avermelhada ou até mesmo branca. E também lesões que não cicatrizam, uma ferida tipo picada de inseto, mas de origem desconhecida. Mesmo quando o paciente não apresenta sinais ou sintomas, ou que apresentam sardas e pintas na pele, sem nenhum desses sintomas como ulceração, feridas, precisam consultar um dermatologista uma vez ao ano”, disse a médica. Além disso, é importante ficar atento a fatores genéticos e manter o uso diário, pelo menos três vezes ao dia, do protetor solar – mesmo dentro de casa.

*Com informações da repórter Beatriz Manfredini

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