Em meio à pandemia, cai admissão de pessoas com mais de 50 anos

Pertencentes ao grupo de risco da Covid-19, a crise reduziu a oferta de vagas e levou a demissões de quem ainda mantinha o emprego

  • Por Jovem Pan
  • 12/12/2020 12h43 - Atualizado em 12/12/2020 12h45
Fotos Públicas Iniciativa 'Núcleo 50+' busca ajudar na reinserção dos mais experientes no mercado de trabalho

Isabel Mazon tem 57 anos e trabalha como ajudante de cozinha faz 12 anos. No mês de maio, por causa da pandemia, foi desligada do antigo trabalho. Com a ajuda da filha, Isabel foi em busca de uma nova oportunidade. Ela conta que depois de muitas respostas negativas, enquanto navegava pela internet, encontrou o que procurava. “Foi um alívio quando eles me chamaram, porque na pandemia com 57 anos arrumar um emprego é um alívio.  Então eu fiquei feliz”, conta. A ajudante de cozinha, foi contratada por uma empresa especializada em alimentação coletiva e criadora do “‘Núcleo 50+’”, programa responsável pela contratação de pessoas desempregadas, com idades entre 50 e 60 anos.

Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), de setembro de 2020, que retrata o mercado formal de trabalho, as contratações somaram quase 1,4 milhão. Mas a idade ainda é um fator crucial na hora da contratação de um candidato para uma vaga aberta e a chegada da Covid-19, enxugou, ainda mais, o mercado de trabalho para pessoas acima de 50 anos, parcela que inclui o “grupo de risco” para a doença. A crise reduziu a oferta de vagas para esse público e levou a demissões de quem ainda mantinha o emprego. Ainda segundo Caged, foram contratadas, 481.420 pessoas com menos de 25 anos. Entre 25 e 49 anos, esse número sobe para 817.824, entre 50 e 55, foram 47.252; entre 55 e 59, 23.588 e entre 60 e 64, foram 7.351. Enquanto 65 anos ou mais, esse número cai para 2.074.

A diretora de RH do “Núcleo 50+”, Caroline Nogueira, diz que a iniciativa surgiu após uma pesquisa realizada pela empresa descobrir o bom desempenho dos colaboradores com mais de 50 anos. “Nós começamos a perceber que a faixa etária das pessoas que estavam saindo estavam saindo da empresa era entre 20 e 35 anos, até 40 anos a gente tinha alguns problemas. E percebemos que todos os colaboradores com mais de 45 anos, 55 anos, entre 50 e 65 anos, eram colaboradores que tinham um perfil comportamental dentro do esperado pela empresa”, diz. Ainda segundo Caroline, o preconceito do mercado de trabalho para admissão de profissionais com mais de 50 anos, não faz sentido. “Com o avanço da medicina, as pessoas vivem mais, as pessoas conseguem se manter pro mais tempo no mercado de trabalho. Então, hoje, uma pessoa com 50 anos tem plena capacidade de desempenhar suas funções. Às vezes tem alguma dificuldade física, mas nada que não seja adaptável”, afirma. Em setembro, o Ministério Público do Trabalho emitiu uma nota técnica ressaltando a importância de garantir igualdade de oportunidades e alertando que a dispensa discriminatória, inclusive por idade, é vedada por convenção da Organização Internacional do Trabalho, ratificada pelo governo brasileiro.

*Com informações da repórter Caterina Achutti

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