Empresários e ativistas cobram ação para evitar destruição da represa de Jurumirim em São Paulo

Com baixo nível de água, ilha com área equivalente a quase cinco campos de futebol se formou no reservatório

  • Por Jovem Pan
  • 20/12/2021 11h18 - Atualizado em 20/12/2021 12h05
Reprodução / Rede Brasil Pacto Global Represa de Jurumirim A avaliação é que a economia em mais de 10 municípios da região da Avaré, interior paulista, seja afetada pela baixa no reservatório

Moradores, empresários e ativistas cobram ações para evitar a destruição da represa do Jurumirim, localizada no município de Avaré, no interior de São Paulo. Devido ao baixo nível das águas, o local revelou uma ilha. No entanto, ao contrário das ilhas paradisíacas, o banco de areia com tamanho equivalente a cinco campos de futebol, é um símbolo do descaso. “Sem água a gente não tem economia e não consegue levar as nossas coisas para frente. Agricultura depende de água, a indústria depende de água”, fala o ativista ambiental Guto Zorello, que montou um acampamento na ilha como forma de chamar atenção para a campanha “Afunde esta ilha”. A avaliação é que a economia em mais de 10 municípios da região da Avaré, interior paulista, seja afetada pela baixa no reservatório. O direto-executivo do Pacto Global da ONU, Carlo Pereira, fala que a situação alarmante gera um efeito cascata danoso. “A represa de Jurumirim está com 20% da sua capacidade. Isso acarreta em uma série de problemas econômicos, inclusive inflacionários, porque a gente passa a ter uma crise também na produção de alimentos, pode ter também uma crise na produção de energia como vimos no país”, pontua.

As reclamações em decorrência da seca partem das mais variadas frentes. No entanto, os órgãos governamentais continuam dando as costas ao problema e não cobram nenhuma atitude da CTG Brasil, concessionária responsável pelo local. José Carlos Camargo, proprietário de um hotel menciona as indiferenças dos administradores da represa. “Os níveis têm sido muito baixos desde que mudou de concessionária. Na administração anterior, a concessionária também tinha estiagem e o nível baixava anualmente, só que quando ficava baixo nível ficava em 35%, 30%. Nunca em níveis como está ficando agora, depois que mudou a concessionária”, relata. O meio ambiente também sofre severos impactos, assim como produtores rurais. Guto Zorello conta que a apreensão toma conta dos que vivem na região. “Indiretamente, essa represa de Jurumirim abastece várias outras represas do sistema. Então muita gente depende dessa água e se a água para de cair do céu, a gente vai ter cada vez menos água para girar a nossa economia e para ter saúde.”

Os habitantes não sabem mais a quem recorrer. Segundo eles, o Operador Nacional do Sistema (ONS) e a Agência Nacional de Águas (ANA) não tomam providências. O prefeito de Taquarituba, Eder Miano, diz que os municípios da região contabilizam os prejuízos. “Temos várias cidades vizinhas que são instâncias turísticas e essa água atrai as pessoas para atividades. As pessoas estão deixando de vir, loteamentos, represas, isso tudo é afetado com essa diminuição desse volume de água”, pontua. Mesmo com as dificuldades, o ativista Guto Zorello afirma que não vai desistir de lutar pela esperança de dias melhores. “Isso [bloco de areia] é símbolo de um processo que mostra que não está indo legal, estamos indo pelo caminho errado”, conclui.

*Com informações do repórter Daniel Lian

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