Entenda por que o preço do etanol aumentou nas bombas

Diretor da AbriLivre explica a influência do aumento da gasolina e diesel e ensina ‘fórmula mágica’ para escolher o melhor combustível na hora de abastecer

  • Por Jovem Pan
  • 16/01/2022 09h39 - Atualizado em 16/01/2022 12h28
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Fernando Frazão/Arquivo Agência Brasil Duas bombas de combustível azuis Diretor também falou sobre quais pontos os consumidores devem avaliar ao escolher um local para abastecer

Os aumentos consecutivos nos preços da gasolina e diesel, causados pelos reajustes da Petrobras, também eleva os valores do etanol. Embora o combustível não esteja relacionado ao petróleo e não seja influenciado por suas oscilações, há uma relação direta entre os aumentos, explica o economista e diretor executivo da Associação de Postos de Combustíveis, Rodrigo Zingales. Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, neste domingo, 16, ele pontuou os principais motivos que causam o aumento nas bombas, como o monopólio do mercado e a falta de regulamentação da venda direta das refinarias aos postos. “Quando eleva o preço da gasolina e diesel acaba puxado o preço do etanol, porque o etanol e a gasolina são hoje praticamente substitutos perfeitos. Apesar a ANP ter resolvido a venda direta, o Executivo vetou o artigo que permitia. Então o que acontece é que acaba tendo um pedágio das distribuidoras, que determinam o preço da gasolina e do etanol”, esclareceu.

Para que a situação seja revertida, Zingales entende que é preciso medidas governamentais. Ele entende que a responsabilidade sobre a precificação do etanol é compartilhada entre o governo federal, os governadores e as distribuidoras. “Apesar da alíquota do ICMS não ter sido alterada na maioria dos Estados, o preço da gasolina quando aumentou acabou elevando o valor do tributo em termos absolutos. Quando o combustível estava na faixa de R$ 3, o valor do ICMS era em torno de R$ 0,80. Quando aumentou para R$ 5,20 o etanol, esse valor absoluto acabou dobrando e o Estado passou a arrecadar mais, ainda que não tenha alterado o valor da alíquota. Então o Estado tem responsabilidade [no preço], porque ele poderia reduzir o valor da alíquota na bomba”, explicou.

“Em relação ao governo federal, as intervenções na política de preços da Petrobras poderia ter feito baixar o valor do diesel e da gasolina, e o etanol também diminuiria porque há uma substituição entre etanol e gasolina. E as distribuidoras vem controlando esses preços exatamente porque a venda direta ainda é incipiente”, acrescentou Rodrigo Zingales, que não vê a privatização da estatal como solução única. “Tem que fazer mudança estrutural em toda cadeia. Você privatizar simplesmente vai transferir o monopólio estatal para regionais e privados”, completou.

Em quais postos confiar?

O diretor da Associação de Postos de Combustíveis também falou sobre quais pontos os consumidores devem avaliar ao escolher um local para abastecer. “Consumidor tem que confiar no dono do posto. É o dono do posto, não a bandeira que garante a qualidade do combustível. Quando você entrar em um posto pergunte a origem do combustível. Peça para fazer o teste, para ver, é possível. Se o frentista te mandar ir em outra bomba, desconfie”, pontuou Zingales, que explicou a “fórmula mágica” para decidir entre os combustíveis. “Se o preço do etanol estiver 70% ou menos mais barato que a gasolina, o etanol é pior. Se a gasolina busca R$ 6 e o etanol R$ 4,80, a gente está dizendo que o preço do etanol está 20% mais barato só, então dê preferência para a gasolina”, concluiu.

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