EUA se preparam para novas eleições sob temor de fake news

  • Por Jovem Pan
  • 01/01/2020 09h31
Reprodução/Twitter maior-evento-conservador-sera-realizado-no-brasil.jpg O presidente norte-americano, Donald Trump, costuma acusar parte da mídia local de disseminar notícias falsas

No mês de novembro de 2020, os eleitores vão às urnas nos Estados Unidos para definir quem vai governar o país pelos próximos quatro anos. E, nessas eleições, os candidatos têm uma grande preocupação: a disseminação de fake news.

No começo de 2019, o Departamento do Censo norte-americano pediu ajuda a empresas de tecnologia para combater a desinformação na internet, antecipando a ameaça às eleições.

Uma pesquisa feita pelo site Avaaz mostrou que, nos Estados Unidos, só até o mês de novembro, notícias falsas relacionadas a política já tinham recebido mais de 150 milhões de visualizações pelo Facebook. O levantamento também descobriu que, conforme as eleições norte-americanas se aproximam, mais as pessoas compartilham essas fake news.

A empresa responsável pela pesquisa destaca que essa é apenas uma parte da ameaça, já que o estudo não analisou outras redes sociais.

O criador do Facebook, Mark Zuckerberg, disse que quer destinar receitas da empresa para financiar jornalismo de qualidade. No começo de 2018, Zuckerberg prestou depoimento no Senado norte-americano por causa do escândalo da empresa Cambridge Analytica, associada ao vazamento de dados de usuários para o direcionamento de propagandas políticas.

Em 2019, o Twitter proibiu as propagandas políticas na plataforma. A empresa disse que a divulgação de mensagens políticas não deve ser paga, mas sim conquistada.

Mas as fake news já viraram parte do debate político. O presidente norte-americano, Donald Trump, usa muito esse termo nas redes sociais e nos discursos, acusando parte da mídia dos Estados Unidos de disseminar notícias falsas.

O termo também está nas campanhas dos pré-candidatos à presidência. A senadora democrata Elizabeth Warren chegou a promover um anúncio falso no Facebook de propósito, como um protesto para ver até que ponto a empresa permitiria a disseminação de informações falsas.

O assunto já fez surgir até um novo cargo dentro das equipes de campanha dos candidatos: o especialista em combate à desinformação. O Comitê Nacional Democrata publicou um guia com recomendações para lidar com as fake news, e uma delas é que os candidatos definam pelo menos uma pessoa da equipe para monitorar a disseminação de informações falsas na internet.

A Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), rejeita o termo fake news, e publicou um guia contra a desinformação. A coautora do guia, Julie Posetti defende que não existe notícia falsa, já que para ser notícia, algo precisa ser verdadeiro. Ela explica que desinformação é a propagação intencional de mensagens falsas para enganar as pessoas, ao contrário da propaganda política, que deixa as intenções bem claras.

A preocupação com as fake news nos Estados Unidos é maior no ano que começa, é claro, por causa das eleições. Mas o tema não deixa de ser uma ameaça global: para o público em geral, a recomendação é sempre checar se as informações foram confirmadas por mais de um veículo confiável, antes de compartilhar.

*Com informações da repórter Mariana Janjácomo

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