Falta de coordenação na vacinação sobrecarrega grandes cidades, diz Fiocruz

Estudo aponta que 1 em cada 6 doses de vacinas contra a Covid-19 foram aplicadas em pessoas que viajaram do local onde residem para municípios vizinhos

  • Por Jovem Pan
  • 24/06/2021 09h52 - Atualizado em 24/06/2021 09h56
FILIPE BISPO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO Profissional da saúde aplica vacina contra a Covid-19 no braço de uma pessoa Pesquisa aponta que a capital paulista aplicou mais de 257 mil doses em pessoas vindas de Guarulhos, Osasco, Santo André, Diadema, Taboão da Serra e São Bernardo do Campo

Um estudo do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelou que 1 em cada 6 doses de vacinas aplicadas no Brasil foram dadas em pessoas que viajaram do local onde residem para municípios vizinhos. Isso representa cerca de 11,3 milhões de unidades distribuídas a moradores de outras cidades. Segundo técnicos da fundação, os números podem ser considerados como forte indicador de uma falha no esforço nacional de imunização, que deveria acontecer de maneira homogênea, com proporções similares nos municípios para os grupos prioritários e por idade. Os pesquisadores citam a cidade de São Paulo como exemplo da disparidade. A capital paulista aplicou mais de 257 mil doses em pessoas vindas de Guarulhos, Osasco, Santo André, Diadema, Taboão da Serra e São Bernardo do Campo.

Além disso, São Paulo vacinou um grupo considerável de moradores de outras capitais como: Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba e Brasília. No Rio, o número de doses distribuídas a moradores de outras cidades passa de 156 mil. Recife e Belo Horizonte também registraram números expressivos de vacinação de moradores de cidades vizinhas. A nota técnica aponta que a falta de uma integração em nível nacional entre o Ministério da Saúde, os Estados e municípios pode estar provocando essa distorção e, em consequência, o fato de o número de doses aplicadas em metade dos municípios do país ainda estar abaixo da média nacional. De acordo com o integrante da Sociedade Paulista de Infectologia, Evaldo de Araújo, é preciso unir esforços para acelerar a imunização de toda população e garantir, especialmente, a segunda dose.

“Se até setembro, que está logo ali, nós tivermos a entrada dessa Delta [variante indiana] de maneira importante no brasil, isso é muito provável que ocorra, veja o tamanho do problema. Crise de abastecimento, crise de vacina, uma nova variante altamente transmissível e uma população pouco imunizada. Considero gravíssimo esse momento, temos que ter todos os esforços para não vacinas apenas com a primeira dose, mas vacinar completo, porque é isso que a variante Delta precisa”, afirmou.  Na conclusão do estudo, os especialistas pontuam que a escassez de doses no início do processo de vacinação e os diferentes calendários vacinais e grupos prioritários. Entre os Estados e municípios podem explicar parcialmente a procura por doses em outros municípios.

*Com informações da repórter Caterina Achutti

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