Falta de vacinas contra Covid-19 na UE se torna problema eleitoral para França e Alemanha
Média europeia está na casa de 3 vacinados a cada 100 pessoas; na Grã Bretanha, são 15 a cada 100
A falta de vacinas na União Europeia está se tornando um problema eleitoral para os principais fiadores do bloco. França e Alemanha enfrentam duras críticas nas últimas semanas por conta da lentidão em seus planos de vacinação. A média europeia está na casa de três pessoas vacinadas a cada grupo de 100. Na Grã Bretanha, a estatística no momento é de 15 vacinados a cada 100. A chanceler alemã, Angela Merkel, já começou a enfrentar o fogo amigo de integrantes de sua própria coalizão de governo.
De olho nas eleições gerais em setembro, integrantes do SPD, partido de centro-esquerda, direcionam ataques a Ursula von der Leyen. A presidente da comissão europeia foi ministra do gabinete de Merkel e teve forte apoio da chanceler para sua indicação ao cargo executivo. No auge da primeira onda da pandemia, os europeus decidiram negociar a compra de vacinas em bloco. Foi uma solução encontrada para evitar os rachas que ocorreram nos primeiros meses, quando países fecharam fronteiras individualmente e bloquearam a exportação de equipamento de proteção que estava em falta.
Negociando em bloco, a União Europeia evitaria que integrantes ricos como França e Alemanha se resolvessem e deixassem os sócios menos privilegiados para trás. O problema é que a negociação envolvendo 27 países foi lenta e arrastada — quando os contratos foram assinados, Reino Unido e Estados Unidos já tinham investido nos fabricantes muito antes. Eventualmente, a União Europeia conseguiu fechar seis contratos com fornecedores diferentes totalizando 2,3 bilhões de doses, mas o bloco não estava nas primeiras posições da fila. E agora o preço político está sendo cobrado.
Na França, Emmanuel Macron ainda tem tempo para reverter o desgaste porque as eleições só serão realizadas no ano que vem. A pressão, no entanto, está lá. Pesquisas de opinião apontam o crescimento da candidata de oposição, Marine Le Pen, da antiga Frente Nacional. Além das vítimas diárias causadas pelo Covid-19, que são a primeira preocupação do momento, o atraso na vacinação também afeta a recuperação econômica. As medidas de distanciamento social continuam em grande parte da Europa, enquanto o continente segue à espera da entrega das vacinas que comprou.
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