Ao menos 84 autoridades públicas sofreram tentativas de invasão feitas pelo grupo de hackers preso em julho deste ano na Operação Spoofing. A lista é da Polícia Federal (PF) e foi obtida pelo jornal O Globo.
Os principais alvos foram os procuradores da Lava Jato, em especial os das forças-tarefas de Curitiba e do Rio de Janeiro. Em números absolutos, o ex-procurador-geral da República (PGR), Rodrigo Janot, foi o que mais enfrentou tentativas de hackeamento: 76 no total, bem mais do que sua sucessora, Raquel Dodge, com nove.
O coordenador da Lava Jato no Paraná, Deltan Dallagnol, aparece em segundo lugar, com 37. A ex-coordenadora da Lava-Jato de São Paulo, Thaméa Danelon, sofreu 22 tentativas de invasão.
Entre os nomes, também aparecem integrantes do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. Da família Bolsonaro, o próprio presidente Jair Bolsonaro (PSL) sofreu tentativa de invasão em dois celulares diferentes, além do deputado Eduardo (PSL-SP) e do senador Flávio (PSL-RJ).
No relatório constam os nomes dos ministros da Economia, Paulo Guedes, da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e da Educação, Abraham Weintraub. Ainda estão na lista os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado Federal, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, sofreu 13 tentativas de invasão, e o atual presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio de Noronha, dez. Também aparecem nomes de jornalistas do site O Antagonista, da revista Crusoé, da TV Globo e do jornal Folha de S.Paulo.
Esse relatório da perícia da PF registra a quantidade de vezes em que os criminosos fizeram ligações para o número dos aparelhos celulares das vítimas. O documento não aponta, no entanto, quais dessas autoridades efetivamente tiveram as conversas acessadas. Como a lista da Polícia Federal é preliminar, podem haver outros alvos das invasões que ainda não foram identificados.
Desde 23 de julho, Walter Delgatti Neto e outras três pessoas estão presas por envolvimento nas invasões. Na semana passada, outras duas pessoas foram presas na segunda fase da Operação Spoofing.
*Com informações do repórter Afonso Marangoni