Fase final de estudos da CoronaVac deve ser concluída na próxima terça, diz João Gabbardo
Após entrega dos resultados, serão solicitados à Anvisa a autorização para uso emergencial do imunizante e registro definitivo da vacina
O diretor executivo do Centro de Contingência da Covid-19, João Gabbardo, informou nesta sexta-feira, 18, que a previsão do estado de São Paulo é de que na próxima terça-feira, 22, seja concluído o processo da fase três da CoronaVac, vacina desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac e o Instituto Butantan. Os resultados da fase final, que dizem respeito à eficácia do imunizante, serão apresentados à Anvisa na próxima semana. Com a entrega, duas solicitações serão feiras: a solicitação do registro definitivo e a solicitação do uso emergencial. “Para o uso emergencial, a Anvisa já publicou que estabelece um cronograma de 10 dias para fazer a análise. Em consequência disso, nós vamos entregar os documentos 30 dias antes do início da vacinação em São Paulo, prevista para 25 de janeiro de 2021. Nesses 30 dias, nós acreditamos que a Anvisa possa fazer os estudos para o registro definitivo, caso não seja possível, dentro desse tempo de 30 dias, pelo menos o uso emergencial deve ser analisado”, explica Gabbardo em entrevista ao Jornal da Manhã.
O diretor executivo conta que ainda há uma terceira possibilidade para a antecipar a vacinação. “A China está aguardando o resultado da fase 3 aqui no Brasil para o registro. Conseguindo o registro da China, tem outra possibilidade. Se a vacina receber o registro nos Estados Unidos, na China, no Japão ou na Comunidade Europeia, a Anvisa tem 72 horas para se manifestar em relação ao registro definitivo no Brasil”, conta Gabbardo. “Isso nós deixa bastante confiantes que no dia 25 de janeiro possamos iniciar a vacinação em São Paulo”, diz. Ele acredita que não há a possibilidade das vacinas serem liberadas para a compra por parte de laboratórios privados enquanto pelo menos 30% da população não for vacinada pelo sistema público. “Acho que na fase inicial vai ser muito difícil isso acontecer, porque existe uma responsabilidade dos fabricantes de, em um primeiro momento, disponibilizar essa vacina para os organismos públicos para que o imunizante possa ser utilizado de forma universal”, afirma. Para o diretor, o importante é priorizar os critérios de vacinação dos grupos de risco e da população mais exposta ao vírus. Se a vacina começar a ser ofertada na rede privadas, os critérios para vacinação param de existe. “Não podemos fazer divisão de classe social para a vacinação”, argumenta Gabbardo.
Em relação à São Paulo, o médico se diz preocupado com a escalada no número de casos e com a percepção da população sobre o aumento. “Quando começou o aumento da mobilidade, as pessoas começaram a voltar à normalidade e começou a ter aglomeração, nós estávamos ainda com um número pequeno de casos, estávamos numa curva descendente. Então muita gente dizia ‘veja só, muita gente está indo para a vida e o número de casos não aumentou. Isso significa que nós não precisávamos ter feito esse isolamento’ e a verdade nos mostrou que não era bem assim”, lembra. “Com o aumento de movimentação das pessoas, aumento do contato, houve um crescimento da transmissão da doença bastante significativo.” Gabbardo, porém, explica que ainda não é o momento para reclassificação das fases do Plano São Paulo. Apesar do Plano prever a reclassificação a qualquer momento, os índices analisados não apontam para uma regressão de fase nas regiões do estado. “Alguns índices estão apontando para a fase laranja, mas a reclassificação está prevista para o dia 5 de janeiro. Hoje, todas as regiões estão na amarela, mas isto pode ser antecipado se os indicadores apontarem para a necessidade de um aumento nas medidas de restrição. Esse é um risco que nós estamos sempre acompanhando. Nesse momento, não existe nenhuma região com essas características, mas pode acontecer nos próximos dias de ter que reclassificar uma das regiões de São Paulo para a fase vermelha”, explica Gabbardo. Segundo ele, a última semana mostrou uma estabilização dos números, mas a próxima semana pode sofrer uma alteração.
O diretor executivo do Centro de Contingência da Covid-19 do estado de São Paulo defende que a falta de leitos de UTI não demonstra uma falha do sistema de saúde. “Desde o início, quando nós pensamos em reagrupar todo o sistema de saúde, colocar mais leito de UTI, ampliar o número de respiradores, contratar mais pessoas para o atendimento, a expectativa de todos nós era que a epidemia tivesse uma evolução um pouco mais parecida do que ocorreu com a H1N1, que ela não durassem tanto tempo”, afirma. “A redução do número de casos no Brasil não foi significativa a ponto de nós podermos nos tranquilizar. Nos outros países, aconteceu, houve uma redução mais significativa. No entanto, para a nossa surpresa, houve um aumento de casos em algumas situações numa velocidade maior do que havia tido na primeira onda. Não é que tenha ocorrido uma falha no sistema de saúde, é que nenhum sistema de saúde no mundo foi capaz de dar conta do volume de pessoas que necessitavam de atendimento”, argumenta Gabbardo. Além do volume, o médico relembra que o tratamento da Covid-19 é muito lento. “Os leitos ficam bloqueados e isso gera uma demanda enorme no sistema de saúde que compromete, inclusive, as outras especialidades”, diz o diretor, que enfatiza que esse problema nos sistemas de saúde não é uma exclusividade do Brasil.
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