Com avanço da pandemia, São Paulo terá ‘janeiro difícil’, avalia secretário da Saúde

Segundo Edson Aparecido, a capital paulista pode ultrapassar ‘o pior momento da Covid-19’ nos próximos dias

  • Por Jovem Pan
  • 18/12/2020 09h07 - Atualizado em 18/12/2020 09h51
LEANDRO FERREIRA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO - 24/11/2020 As escolas, que estavam abertas apenas para distribuição de alimentos para alunos necessitados e entregas de chips, voltarão a ter aulas presenciais no dia 14 de abril O avanço da Covid-19 e a baixa adesão às recomendações sanitárias podem agravar situação da capital

A capital paulista pode superar, nos próximos dias, o índice de contaminações registrado no ‘pior momento da pandemia’, registrado entre os meses de julho e agosto. A informação é do secretário da Saúde de São Paulo, Edson Aparecido. Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, nesta sexta-feira, 18, o secretário explicou que o recente aumento da média móvel de novos casos deve refletir em um aumento das internações no mês de janeiro, que promete ser “difícil”. “Estamos com média móvel, a cada sete dias, de 306 novos casos. Se continuarmos nessa evolução, rapidamente, iremos ultrapassar o índice que tivemos no pico da pandemia. A outra consequência será o aumento gradual das internações, seja em leitos de enfermaria ou nas UTIs”, explica a autoridade da saúde.

Segundo o secretário, o aumento pode levar a uma situação ainda pior, considerando que, atualmente, o grau de aderência da população às medidas sanitárias é consideravelmente mais baixo. “Todos os apelos feitos pela Prefeitura e pela vigilância para que as pessoas não lotem bares, restaurantes, comércios e não participem de festas, são fundamentais porque a tendência está muito clara. Nós mantivemos mais de mil leitos de UTI [na capital paulista], abrimos mais de 200 leitos de enfermaria e, no final do mês, serão mais leitos. Mas isso tudo não será suficiente se continuar a onda de crescimento e repique de casos na cidade e região metropolitana”, afirma, lembrando que 21% dos leitos de UTI de São Paulo são, atualmente, ocupados por pacientes de outras cidades, o que pode contribuir para sobrecarga no sistema.

Edson Aparecido também reconheceu o aumento de mortes em decorrência da Covid-19. Segundo ele, no ‘pior momento da pandemia’, São Paulo chegou a atingir 131 mortes na média móvel. Em 08 de novembro, a capital chegou a 08 falecimentos na taxa, sendo que, agora, com o novo avanço da doença, o registro médio chegou a 28 óbitos. Mesmo assim, o secretário descarta a possibilidade da instalação de hospitais campanhas. “Não devemos abrir hospitais de campanha, mas abrir novos leitos de enfermaria e seguir o apelo que a Prefeitura vem fazendo para que os setores da economia nos auxiliem e cumpram as medidas de isolamento. A pandemia não passou e esse sentimento que a pandemia não representa mais perigo não é correto. Sem essa compreensão por parte da população, teremos um mês de janeiro bastante difícil no país e na cidade de São Paulo.”

Ao ser questionado sobre o aumento de internações de crianças na capital paulista, Edson Aparecido explicou que, segundo inquérito sorológico realizado pelo município, as crianças, embora assintomáticas, são “muito suscetíveis” à Covid-19. “Tivemos, de março a novembro, 16.564 casos de síndrome respiratória aguda grave em crianças e 763 contraíram a Covid-19, sendo que 20 dessas foram a óbito. Mas no período de outubro, novembro e dezembro, houve um crescimento de casos. As crianças são um quadro preocupante. Por isso, precisamos tomar uma decisão [sobre o retorno escolar] que leve em conta os dados da ciência, para que seja uma decisão segura e que não coloque em risco a vida das crianças e dos professores”, finalizou. A partir da próxima segunda-feira, 21, a Prefeitura de São Paulo deve iniciar um novo inquérito sorológico com objetivo de mensurar o grau de imunidade dos alunos.

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