Fiscalização de trânsito por radares móveis tem redução intensa nos últimos três anos

PRF utiliza 240 equipamentos portáteis e 115 fixos para monitorar os mais de 75 mil quilômetros da malha viária brasileira; especialistas defendem uso do recurso para reduzir mortes e acidentes

  • Por Jovem Pan
  • 21/05/2022 13h15
Cesar Ogata / Secom Radar de Trânsito Radar de Trânsito

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o número de fiscalização de radares móveis tem caído nos últimos anos. Em 2019, foram registradas 41.610 horas de fiscalização, já em 2020 os equipamentos funcionaram por 15.250 horas e em 2021 por 19.885 horas. No ano de 2019, o governo suspendeu a fiscalização com radares móveis nas rodovias federais. No entanto, no ano seguinte, a justiça determinou a volta do equipamento. A PRF utiliza atualmente 240 radares portáteis e 115 radares fixos para monitorar os mais de 75 mil quilômetros de malha viária.

Alisson Coimbra, diretor científico da Associação Mineira de Medicina do Tráfico, diz que o radar móvel é importante na redução de acidentes. “Não faltam estudos que principalmente dizem que no raio de até 50 metros antes ou após um radar o número de sinistros é menor e que, cada vez mais que se distancia desse mecanismo de fiscalização, que o número de sinistros tende a aumentar novamente”, diz. O especialista também fala que é importante rever o controle da velocidade média do veículo: “Precisamos discutir sobre a necessidade da padronização também em determinados trechos da fiscalização de velocidade média. Trabalhamos com fiscalização de velocidade instantânea, que é aquela que o veículo no momento atravessa, mas em determinados trechos de alta sinistralidade e com grande dificuldade até mesmo com uma escassez de recursos, o controle da velocidade média surge como mais importante e valioso instrumento, para que possamos reduzir o número de ocorrências”, argumenta.

O excesso de velocidade causa acidentes mais graves e letais. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), aumentar 20% da velocidade média do veículo pode aumentar também em 30% as chances de colisões fatais. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a chance de um pedestre morrer é de 10% se o veículo estiver transitando em até 30km/h. Se a velocidade for ampliada para 50km/h, a probabilidade passa dos 80%.

Alisson Coimbra defende que o assunto tem que ser levado mais a sério e sem politizações. Ele descarta a ideia de indústria da multa. “Não existe uma indústria da multa, existem motoristas que, deliberadamente, insistem em infringir as normas gerais de circulação. Portanto, cada vez mais que perdemos o nosso tempo discutindo se existe ou não uma indústria da multa, nós estamos, simplesmente, beneficiando esses infratores e permitindo que eles continuem colocando além da sua vida em risco a integridade física e a vida das pessoas que nós tanto amamos”, finaliza. Alguns países desenvolvidos já têm reforçado a fiscalização para reduzir os limites de velocidade nas ruas e avenidas. Como no caso da França, por exemplo. No ano passado, a OMS lançou a meta de prevenir ao menos 50% das mortes e lesões no trânsito até 2030.

*Com informações da repórter Camila Yunes

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