‘Foi inadequado começar a marcar festas quando a pandemia não tinha terminado’, avalia infectologista sobre Réveillon

Apesar do momento ser cautela com o surgimento da variante Ômicron, Marcos Boulos não acredita que o Brasil deva vivenciar uma nova onda de Covid-19

  • Por Jovem Pan
  • 04/12/2021 12h31
Estadão Conteúdo reveillon Mesmo que o cenário da pandemia esteja melhor no Brasil, o infectologista avalia que ainda não é seguro fazer aglomerações

O infectologista Marcos Boulos avalia positivamente a decisão das maiores capitais do país de cancelarem a realização das festas de Revéillon. Na última quinta-feira, 2, a Prefeitura de São Paulo anunciou o cancelamento do Ano Novo na Avenida Paulista e manteve a obrigatoriedade do uso de máscaras, que estava previsto para ser flexibilizado em ambientes abertos a partir do dia 11. Neste sábado, 4, foi a vez da capital do Rio de Janeiro seguir as recomendações do Estado e cancelar o Réveillon. Embora o país esteja passando pelo melhor momento no combate à pandemia, com queda nos índices de casos e mortes, Boulos considera acertada as medidas tomadas pelas cidades de cancelar as festividades de fim de ano quanto antes. “Eu acho que o que foi inadequado foi começar a marcar festas quando a pandemia não tinha terminado”, criticou o especialista em entrevista ao Jornal da Manhã.

“Vão continuar existindo variantes enquanto o vírus circular. Nesse momento, até nós atingirmos mais de 80% da população vacinada com as duas doses, é melhor evitar aglomerações e continuar usando máscara. Eu acho producente o retorno das máscaras e evitar essas festas agora. Quando nós tivermos condições muito satisfatórias, continuar decrescendo o número de casos e a população estiver relativamente imunizada, ai a gente pode pensar em liberar máscaras e até pensar em algumas festas, mas não com grandes aglomerações ainda”, explica o médico. Isso porque apesar da variante Ômicron não se mostrar mais letal do que as anteriores, ela ainda tem alta transmissibilidade.”A Ômicron, até onde nós sabemos, não está relacionada a maior gravidade, é simplesmente uma infecção maior. Então ela vai onerar o serviço de saúde no atendimento mais do que na hospitalização”, avalia Boulos.

Mesmo com um cenário em que a cautela é necessária, o infectologista não acredita que o Brasil deva passar por uma nova onda da pandemia, assim como vive a Europa. “Nós, provavelmente, não precisamos enfrentar uma nova onda como aconteceu na Europa. Hoje, nós temos uma quantidade de vacina grande e tivemos muitas pessoas infectadas, então o número de pessoas que têm maior chance de ter a doença é menor”, explica o infectologista, que atribuí ao capitalismo os erros cometidos pelos países europeus. “Os europeus, como bons capitalistas, também querem estimular a volta à normalidade. Eles fizeram isso muito precocemente. Por isso que eles têm onda atrás de onda”, finalizou.

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