Golpes em aplicativos de entregas assustam usuário; empresas garantem ressarcimento
Entre abril e julho deste ano, o Procon de São Paulo recebeu 163 denúncias de golpes do tipo envolvendo compras no Ifood e no Rappi; no total, são quase R$ 760 mil em cobranças indevidas
O publicitário Tito Marques terminou o mês de julho com um dinheirinho extra na conta e decidiu agradar a família com um jantar. Em tempos de quarentena, ele recorreu a um dos mais conhecidos aplicativos de entrega de comida. Tito estava se sentando à mesa quando recebeu um alerta do banco: R$ 1.100 tinham sido debitados da conta dele. Foi então que a ficha caiu – ele havia sido vítima de um golpe. “Me ligaram assim que o pedido confirmou a entrega, falando que havido um problema com o meu cartão e que não tinha concluído a transação. Por eles terem o meu número, na hora eu falei beleza, né? Eles chegaram aqui falando que caíram de moto, quebraram a maquininha, se machucaram e eu aceitei. Acabei ficando com um pouco de pena. E ao invés de em cobrar R$110 me cobrou R$ 1.100”, explica. Com a Relações Públicas Bruna Lobo, foi um pouco diferente: o motoboy avisou pelo chat do aplicativo que havia se acidentado e não poderia concluir a entrega. Logo depois, ela recebeu uma ligação com o DDD de Recife alegando ser do restaurante. Como já havia ouvido relatos de outras vítimas, Bruna conseguiu escapar da fraude.
“Falando que eles estavam mandando outro motoboy para a nossa casa com o nosso lanche. Assim que falaram isso eles também avisaram que teria uma taxa de R$ 4. A gente acabou recebendo o valor de volta do Ifood, porque a gente fez o chamado no aplicativo”, afirma a consumidora. Entre abril e julho deste ano, a Fundação Procon de São Paulo recebeu 163 denúncias de golpes do tipo envolvendo compras no Ifood e no Rappi. No total, são quase R$ 760 mil em cobranças indevidas. O diretor do Procon, Fernando Capez, diz que os usuários desses aplicativos devem se recusar a fazer pagamentos posteriores ou em maquininhas com visor danificado. Segundo ele, o reembolso é de responsabilidade da empresa e deve ser feito imediatamente. A Polícia Civil já identificou entregadores que aplicaram o golpe da maquininha e pediu quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico. A divisão de crimes contra o consumidor continua investigando os casos. Por meio de nota, o Ifood informa que, em apoio aos clientes, devolve o valor da cobrança indevida após análise e apresentação de um boletim de ocorrência – foi o caso do publicitário Tito Marques. A empresa ressalta que orienta os clientes a não aceitarem cobranças adicionais na entrega e afirmou que desativa imediatamente os cadastros após eventuais relatos de fraude e conduta irregular.
*Com informações da repórter Nanny Cox
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