Gorinchteiyn alerta para mortalidade da gripe aviária e pede isolamento a quem teve contato com aves infectadas
Ex-secretário de Saúde de São Paulo, infectologista ressaltou que já há medicamentos antivirais que podem realizar um tratamento adequado contra as Influenzas
Com a ampliação do Brasil no nível de alerta para a gripe aviária, especialistas pontuam que há um risco de uma nova pandemia com a proliferação da doença. Nesta semana, o governo federal criou um Centro de Operações de Emergência Agropecuária para controlar o vírus H5N1 e, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o grupo terá como responsabilidade as ações de enfrentamento à doença em aves silvestres. Até o momento, oito casos foram confirmados no Brasil, sendo sete no Espírito Santo e um no Rio de Janeiro. Não há diagnóstico da doença em humanos ou em aves direcionadas ao consumo. Para falar sobre o tema, o ex-secretário estadual de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteiyn concedeu uma entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã e falou sobre a evolução da doença nos últimos anos. Segundo o especialista, no início dos anos 2000 houve uma epidemia registrada na China que fez com que as medidas sanitárias tomadas pelas autoridades locais permitiram que não houvesse o comprometimento de outros países. “Naquela oportunidade, tivemos 680 pessoas infectadas com um índice de mortalidade altíssimo. Superior a 50%, uma doença muito grave e mortal, que fez com que mais de 1 milhão de aves fossem abatidas. Tivemos uma restrição da gripo na oportunidade, diferente do que estamos vendo agora. Vimos na América do Norte, estamos com Bolívia, Paraguai, Uruguai, Argentina e Brasil. Estamos tendo uma apresentação, facilitação pelas aves migratórias que fazem seu voo de uma região a outra por conta do clima, e tenha uma infestação maior e uma disseminação”, explica.
No entanto, Jean pontuou que a transmissão da gripe aviária para os humanos é muito pequena. “Onde ela passa a acontecer? Em comunidades rurais onde as aves aterrissam e entram em contato com outras aves. Os ambientes mais rústicos, onde famílias convivem com essas aves, são de maior risco para que essa contaminação possa eventualmente acontecer”, disse. O infectologista também considerou fundamental a criação do Centro Operacional de Contingência para que sejam identificados e rastreados as localizações das aves infectadas e mortas. “Imediatamente, das pessoas que entraram em contato com as aves, sejam sintomáticas ou não, sejam colocadas em isolamento ou quarentena. E o abate necessário do seu entorno”, ressaltou o especialista. Ao ser questionado sobre possíveis dúvidas na contaminação, Gorinchteiyn disse que o consumo de ovo ou carne de aves que possivelmente estejam infectadas não é o suficiente para a contaminação. “O contato, sim. Secreções. As pessoas que manipulariam a carne contaminada teriam o risco de serem infectadas”, informou. Por fim, o especialista lembrou que, diferente da pandemia de Covid-19, já há um medicamento para tratamento das Influenzas: o oseltamivir. “Ele tem como resposta 70% em termos de proteção contra a gripe aviária. Também, de alguma forma, temos um antiviral que pode ser usado para aqueles que entraram em contato com os animais que ainda não desenvolveram a doença ou que manifestaram algum sintoma”, finalizou.
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