Gorinchteyn fala em ‘intensificar as medidas de vigilância’ contra varíola dos macacos em SP

Secretário de Saúde esclareceu que o vírus se espalha menos que a Covid-19 e detalhou esforços do Instituto Butantan para a produção de uma vacina

  • Por Jovem Pan
  • 25/07/2022 09h41
REUTERS/Dado Ruvic/Illustration varíola dos macacos Tubos de ensaio rotulados como "positivo para o vírus Monkeypox", que provoca a varíola dos macacos

A Organização Mundial da Saúde declarou, neste sábado, 23, que o surto de Varíola dos Macacos é uma emergência de saúde global, o nível mais alto de alerta da OMS, no qual a Covid-19 foi enquadrada anteriormente. Para falar sobre como a doença se estabelece no Brasil, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o secretário de Estado da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, que detalhou os esforços na prevenção e combate à doença. Inicialmente, o infectologista esclareceu que o vírus se espalha menos que a Covid-19: “As transmissões ocorrem com um contato muito íntimo, tanto aqueles relacionados a gotículas de saliva, bem como no contato direto, no toque das vesículas, pequenas bolinhas que se formam no corpo e que são ricas da presença desse vírus. A disseminação, claro, é muito menor [que a Covid-19] e mesmo assim tivemos no mundo 16 mil casos. Já são 75 países acometidos, no Brasil quase 700 pacientes já infectados e estamos no décimo lugar no ranking”.

“Mas qual a importância da OMS determinar uma emergência em Saúde global? É exatamente o fato de você poder implementar respostas coordenadas de todo o mundo, e especialmente engajando e protegendo populações mais vulneráveis, que são aquelas mais afetadas. Especialmente aqui nós temos uma grande maioria, não são todos, de homens que fazem sexo com homens geralmente com multiplicidade de parceiros. Então, trazer essa discussão pro mundo significa intensificar as medidas de vigilância e saúde pública, mas por um outro lado acelerar pesquisas, ampliar o próprio tratamento e trazer aquilo que pode realmente interromper essa transmissão, que são vacinas”, explicou o secretário.

Gorinchteyn também ressaltou que, apesar do nome, a transmissão da doença não tem nada a ver com os macacos e detalhou os sintomas que os infectados sofrem: “O que hoje temos no Estado de São Paulo são 538 pessoas acometidas, sendo que 442 estão na capital. É um quadro inicial como qualquer outro vírus, dando sintomas de dor no corpo, dor nas juntas e febre baixa. Não dá sintomas respiratórios, como nariz entupido, tosse ou dor de garganta. Geralmente a partir do terceiro dia surgem essas lesões, vesículas e bolhas que iniciam-se na face e acabam se distribuindo por todo o corpo, em maior ou menor intensidade”.

“É muito importante que as pessoas que tiveram contato íntimo, e eventualmente relações sexuais casuais, e tenham sintomas procurem de forma imediata um médico para que ele possa estabelecer o diagnóstico. O diagnóstico não é apenas clínico, mas tem a possibilidade de, através de material coletado nas vesículas, fazer o PCR para identificar que se trata da varíola do macaco ou de outros vírus que tem apresentações clínicas similares”, recomendou.

O secretário de Saúde reforçou que a vacina contra a varíola fornece uma certa resposta contra esta variação do vírus, mas também apontou os esforços do Instituto Butantan para produzir o imunizante específico para a varíola dos macacos: “O grande problema é que hoje só existe uma empresa no mundo, na Dinamarca, que está fazendo essa produção e o laboratório já informou a não condição de produzir em larga escala para levar essa proteção para todo mundo. Exatamente por isso que já existem tratativas do Instituto Butantan junto à essa empresa no sentido de promover a transferência de tecnologia, ou seja, a possibilidade de trazer essa matriz viral para nós e aí sim a produção em grande escala para o país e todo o mundo”.

A respeito da letalidade da varíola dos macacos e dos protocolos de tratamento, Gorinchteyn ressaltou que a grande maioria são casos leves e que o isolamento dos possíveis infectados é fundamental: “Por se tratar de um vírus, não existe o tratamento específico e existe a necessidade de se implementar estudos para a criação de algum antiviral. Mas no momento o tratamento é de suporte sintomático contra a dor e febre com analgésico e antitérmico. Mas em paralelo essas pessoas são colocadas em isolamento, assim como as pessoas no seu entorno, os contactantes íntimos, que são aquelas pessoas que tiveram nos últimos 7 dias pelo menos 4 horas de contato com o infectado. Elas são colocadas em quarentena avaliando se irão ou não evoluir com sintomas. O isolamento desse paciente é mantido por 21 dias até que haja o desaparecimento das lesões”.

 

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