Governadores pedem à Anvisa nova análise da Sputnik V

Reunião entre representantes de estados e Agência Nacional de Vigilância Sanitária tratou sobre milhões de doses da vacina russa que não tem uso autorizado no Brasil

  • Por Jovem Pan
  • 08/05/2021 07h04
EFE/EPA/RDIF Frascos da vacina russa contra a Covid-19, Sputnik V Vacina ainda não teve uso autorizado no Brasil

Governadores e diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária debateram a não aprovação do uso emergencial da vacina Sputnik V pela Anvisa na Comissão Temporária da Covid-19, no Senado, nesta sexta-feira, 7. A vacina foi adquirida por dezessete estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Só o Consórcio do Nordeste, formado pelos governadores dos nove estados da região, comprou 37 milhões de doses do imunizante. O governador do Piauí, Wellington Dias, apontou percalços que a falta de vacinas vem causando no plano traçado por governadores junto ao Ministério da Saúde, ainda em 2020. Segundo ele, o plano previa que, até o final de abril deste ano, 25% dos brasileiros estariam vacinados contra o coronavírus. Wellington Dias disse que a decisão da Anvisa prejudicou o planejamento. “Estou aqui tratando em nome das 27 unidades da federação: nós trabalhamos um plano estratégico e o fato é que o plano furou. Quando um plano fura, ele tem efeitos. No caso do Brasil, uma tragédia”, afirmou.

Convidado a participar da reunião, o presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, optou por não falar, para não conflitar com o depoimento que ele vai dar à CPI da Covid na próxima terça-feira. O diretor da Anvisa, Alex Machado Campos, relator do pedido de uso da Sputnik V, disse que chegou a pedir informes dos 62 países nos quais o imunizante foi aprovado e nem todos responderam. Ele conta que 23 países que ainda não estavam aplicando a vacina russa e “outras dezenas” trouxeram informações de vacinação reduzida. Por isso, segundo ele, as informações sobre efeitos adversos também eram insuficientes. Alex Machado Campos também menciona a falta de um relatório completo sobre a vacina. “A exigência do relatório técnico da vacina, que é para analisar itens de segurança, eficácia e qualidade também não veio, então nós tínhamos que ir ao encontro desse tripé, de segurança, eficácia e qualidade, a partir de outros elementos. Sabíamos da angústia dos governadores, sabíamos da ansiedade. Também estamos ansiosos para prover vacinas”, disse. O relator da comissão, senador Wellington Fagundes, do PL, destacou a necessidade da produção de vacinas em território nacional.

“O ideal é que a gente já tivesse a segunda etapa da vacinação completa. Infelizmente, estamos chegando cada dia mais, batendo recordes de mortes. Daí esse trabalho que fizemos de procurar a indústria de saúde animal com a possibilidade de fazer também a produção de vacina nacional”, afirmou. A Sputnik V deve apresentar, nas próximas semanas, um novo pedido de uso emergencial à Anvisa. A informação foi confirmada na reunião por representantes do laboratório União Química, que responde pelo imunizante no Brasil. O requerimento vai pedir a importação e aplicação de 10 milhões de doses da vacina russa.

*Com informações do repórter Levy Guimarães

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