Governo estuda inclusão de fases mais duras no Plano SP, diz João Gabbardo

Existe a possibilidade de implantação de medidas que restrinjam o funcionamento de atividades essenciais no Estado

  • Por Jovem Pan
  • 01/03/2021 09h32 - Atualizado em 01/03/2021 13h49
VINICIUS NUNES/AGÊNCIA F8/ESTADÃO CONTEÚDO- 26/02/2021 João Gabbardo durante coletiva de imprensa do governo do Estado de São Paulo João Gabbardo, em entrevista ao Jornal da Manhã, assumiu a possibilidade de um lockdown em São Paulo

O coordenador executivo do Centro de Contingência da Covid-19 em São Paulo, João Gabbardo, afirmou que o governo do Estado estuda a implantação de uma nova fase de restrição no Plano São Paulo. Segundo o coordenador, o Centro de Contingência planeja a inclusão de uma fase roxa ou preta, em que até o funcionamento de atividades essenciais será restringido.  Para Gabbardo, a situação é atual é a mais crítica desde o início da pandemia. Ele explica que, enquanto em abril, maio e junho de 2020 a pandemia estava regionalizada, agora o movimento do coronavírus ocorre simultaneamente em todos os estados brasileiros. O coordenador também ressalta, em entrevista ao Jornal da Manhã, que o que preocupa, além do aumento da transmissibilidade, é o alto número de pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

“Até pouco tempo atrás nós tínhamos um perfil diferente dos pacientes que iam para UTI. Nós tínhamos pacientes com idade mais avançada e que, infelizmente, iam à óbito. Então, a ocupação dos leitos era menor. Atualmente, temos um perfil de pacientes mais jovens e com menor mortalidade, mas que ficam ocupando os leitos por um tempo maior. Sendo assim, não existe rotatividade nos leitos de UTI”, diz Gabbardo. Ele afirma que o Estado tem condições de aumentar em mais 500 a quantidade de leitos. “Os leitos que estamos precisando agora, diferente do primeiro momento, não são leitos de enfermaria. Os hospitais de campanha foram muito úteis, porque as pessoas que tinham sintomas naquele momento ficavam no leito de enfermaria e poderiam ser deslocadas para tratamento intensivo imediatamente. Hoje nós temos uma inversão: nós temos mais pacientes na UTI do que na enfermaria”, explica o coordenador sobre a mudança de demandas. Ele lembra, porém, que os leitos de UTI são uma consequência. “Não adianta a gente ficar aumentando leito de UTI se a gente não tratar a transmissão da doença. A taxa de mortalidade das pessoas que vão para UTI é muito elevada”, disse sobre os próximos passos. O Centro de Contigência aguarda que, em dois meses, a quantidade de pessoas imunizadas possa resultar em uma condição diferente de enfrentamento ao coronavírus.

Sobre a situação do Estado, Gabbardo assume que há a possibilidade de um lockdown. “O Estado de São Paulo estuda, sim, uma nova fase mais dura de vermelho, uma fase roxa ou preta, para situações como a que aconteceu em Araraquara, onde há a necessidade de mesmo as atividades essenciais não poderem funcionar plenamente.” O coordenador aponta que a ocupação de leitos de UTI na capital é de 70% de ocupação. Apesar de alto, Gabbardo diz que ainda não é próximo do que está acontecendo na região sul, que tá com 95% de ocupação. “Os números de São Paulo já desse fim de semana, no entanto, nos apontam que, no transcorrer desta semana, rapidamente nós vamos chegar a 75% de ocupação. Em 75%, o Plano SP prevê um recuo para a fase vermelha”, afirma.

Ele considera que o mais importante neste momento é o governado federal assuma uma posição uniforme e faça uma coordenação nacional. “Imagino que isso deva, nos próximos dias, ocorrer. O Ministério da Saúde deve convocar os secretários de Saúde para uma conversa. Ele está ciente dessa situação de colapso e tem que assumir essa coordenação. Dizer que mandou dinheiro, que mandou milhões, não resolve. Se o problema fosse só recurso, os países do primeiro mundo não teriam mortalidade que tiveram e colapso nos seus sistemas de saúde. Os recursos são necessários, mas não são suficientes. Nós temos que ter medidas que diminuam a transmissão da doença”, justifica Gabbardo.

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