Governo quer que privatização dos Correios leve patrimônio aos brasileiros, diz secretário da Economia
Diogo Mac Cord afirmou, no entanto, que as regras deste leilão ainda não estão definidas, assim como os valores e investimentos dos recursos
O secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia, Diogo Mac Cord, afirmou que o Brasil pretende garantir que o patrimônio chegue aos 210 milhões de brasileiros com a privatização dos Correios. “Infelizmente, o que vimos nas últimas décadas foi a privatização unilateral de várias empresas. Determinado grupo político ou de interesse tomava conta daquela empresa. Eles se tornaram donos, efetivamente, da empresa”, avalia. “A partir do momento em que você cria mecanismos e garante que os dividendos possam ser encaminhados diretamente à população ou aquela parcela de privatização possa ser efetivamente canalizada para o bem estar social, você garante aos 210 milhões de brasileiros que pagaram pelas empresas acesso aos recursos”, completa Mac Cord.
Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, Diogo Mac Cord disse que as regras deste leilão ainda não estão definidas, assim como os valores e investimentos dos recursos. “O que temos trabalhado muito é para garantir o avanço dessas privatizações. Independente de como o recurso vai ser usado, é importante que existam recursos. São processos bastante demorados””, afirmou o secretário. Usando como exemplo os Correios, Mac Cord explicou que a Câmara dos Deputados já aprovou por ampla maioria o avanço do processo — e agora o teto segue para o Senado Federal, com chances de voltar para a outra casa legislativa. “Tudo isso demora um pouco. Vou deixar o time político decidir como isso avança e, da parte da Secretaria, a gente trabalha para garantir que elas ocorram da melhor maneira possível para maximizar o resultado para a população.”
Segundo ele, sobre a arrecadação, ainda está sendo definido o valuation da empresa. Diogo Mac Cord lembrou que, em relação aos serviços postais, os Estados Unidos são uma exceção entre os países que privatizaram o serviço. Por lá, ainda é público, apesar da quebra de monopólio e da concorrência que existe. “No mundo, a gente observa que é um caminho. No caso da Alemanha, era uma estatal que foi privatizada e, hoje, o governo federal tem menos de 20%. É uma empresa que tomou conta do mundo com uma geração de emprego muito maior do que quando era estatal.” De acordo com ele, nos últimos anos, mudou-se o modo de olhar para o processo de privatização.
“Até pouco tempo atrás o governo achava que, sem a participação dele, o investimento não viria. Não podemos esquecer o caso da Vale, que em determinado momento o governo anterior achou que ela deveria tomar o controle de novo da estatal. É uma coisa que não deve ser esquecida.” Para ele, com o dinheiro do investidor na mesa, o governo teme perder e faz uma gestão mais eficiente. Quando é dinheiro público, sempre sobra conta para a viúva. Por isso é tão difícil privatizar. É uma forma de pensar diferente porque, uma vez que você tem o dinheiro ‘de ninguém’ na mesa, é mais fácil para o grupo de amigos que sempre se beneficiou da forma de pensar antiga. Quando você joga o dinheiro dos outros é bem mais fácil.”
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