Guedes defende ‘reavaliação’ do Mercosul: ‘Bloco foi atrofiado por desalinhamentos de interesses’

Ministro afirma que, com o atrofiamento, o Brasil foi isolado de de outros fluxos de comércio do mundo e que o próprio bloco perdeu participação no comércio brasileiro

  • Por Jovem Pan
  • 24/04/2021 06h51 - Atualizado em 24/04/2021 11h26
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Fabio Rodriguez Pozzebom/Agência Brasil Ministro da Economia, Paulo Guedes, fala com o dedo apontando para o lado direito O ministro Paulo Guedes participou de sessão comemorativa no Senado Federal

O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu uma “reavaliação” do Mercosul. A fala ocorreu em uma sessão especial do Senado, na sexta-feira, 23, em comemoração aos trinta anos do bloco fundado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. A sessão foi conduzida pelo senador Fernando Collor, que era o presidente da República durante a criação e teve a participação de atores da época, como a ex-ministra da Economia Zélia Cardoso de Mello e o ex-ministro das Relações Exteriores Francisco Rezek. Paulo Guedes elogiou a iniciativa do governo Collor durante a criação do Mercosul e disse que vê avanços desde que ele foi estabelecido. Mas, para o ministro, o bloco foi se atrofiando. “Foi uma grande iniciativa. Funcionou muito bem nos 10 primeiros anos e depois foi sendo atrofiado gradativamente por desalinhamentos de interesses. É exatamente nesse contexto, nessa configuração que eu quero reavaliar, dar um olhar reavaliando o Mercosul”, disse Guedes.

Paulo Guedes aponta como uma das consequências desse processo um isolamento do Brasil de outros fluxos de comércio do mundo, além da perda de participação do próprio Mercosul no comércio brasileiro. O ministro da Economia defende a flexibilização de regras sobre acordos para que cada país seja menos afetado pela fragilidade do outro e trilhe o próprio caminho nas negociações. “A primeira dimensão é permitir uma liberdade de negociação aos seus membros. Quer dizer, é claro que se estamos juntos, estamos mais fortes. Achamos importantes que haja essa liberdade de negociação para que exatamente os dois, ou três, ou quatro membros, tenham possibilidade de achar o que for mais conveniente”, justificou.

Quem também participou da sessão foi o atual ministro das Relações Exteriores, Carlos França. Na primeira participação dele no Senado, disse que quer estreitar relações com o parlamento. O chanceler pediu uma modernização do Mercosul e a continuação das negociações com outros blocos econômicos. França destacou as conversas em torno do acordo fechado em 2019 com a União Europeia. “Os acordos com a União Europeia e EFTA estão atualmente em fase de revisão formal e jurídica. Temos mantido contato permanente com os europeus para encontrar formas equilibradas e pragmáticas no tema ambiental que facilitem o processo de assinatura e ratificação do acordo na Europa”, afirmou. Tanto Paulo Guedes como Carlos França também defenderam a redução da TEC (Tarifa Externa Comum), que é a taxa comercial aplicada aos países do bloco. Guedes relata que o Brasil fez uma proposta para que ela caia de 30% para 27%, o que seria um primeiro passo de abertura econômica do Mercosul. Na semana que vem, representantes dos países devem se reunir para discutir o assunto.

*Com informações do repórter Levy Guimarães

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