Haddad diz que imposto sobre empresas chinesas será embutido nas compras
Segundo ministro da Fazenda, recolhimento será feito no momento da venda nas lojas virtuais para garantir concorrência justa com o mercado brasileiro
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira, 24, que as lojas online Shein, Shopee e AliExpress já estão negociando com o governo brasileiro a adesão ao plano de conformidade e que vão pagar os impostos da forma que o governo estabelecer para garantir concorrência justa com lojas brasileiras. O plano de conformidade é um plano Receita Federal para o comércio eletrônico em compras de até US$ 50. Com a medida, o imposto sobre produtos vendidos em sites internacionais será descontado na hora da compra. Segundo explicou Haddad, assim que o consumidor comprar um produto a empresa de e-commerce já estará autorizando o poder público a descontar daquilo que o consumidor já pagou o que a empresa deveria recolher. O ministro disse que esse modelo é o mesmo adotado pelos Estados Unidos e pela Europa.
Com a repercussão negativa sobre o tema nas últimas semanas, Haddad afirmou na última quinta-feira, 20, que a Shein vai nacionalizar 85% dos produtos dela em quatro anos e que a empresa chinesa promete criar cem mil empregos no país nos próximos três anos, fazendo parcerias com dois mil fabricantes brasileiros. Também nesta segunda-feira, 24, Haddad afirmou que está havendo abuso por parte de algumas empresas no uso do regime de juros sobre capital próprio, com o objetivo de evitar o pagamento do imposto de renda. Os juros sobre capital próprio são uma forma de distribuição dos lucros de uma empresa que tem ações bolsa de valores aos seus acionistas. Atualmente as empresas são isentas e há incidência do imposto de renda de 15% quando os recursos são depositados nas contas dos acionistas.
“Tem empresa, para você ter uma ideia que não tem mais lucro. Empresas muito rentáveis que não declaram lucro e, portanto, não pagam imposto de renda como pessoa jurídica. Que elas fizeram? Transformaram o lucro artificialmente em juros sobre capital próprio. Então, não pagam em como pessoa jurídica, nem pessoa física”, disse Haddad. Segundo o ministro, a área econômica do governo vai avaliar o encerramento desse mecanismo. O fim do regime seria uma das medidas possíveis para equilibrar as contas públicas. Ainda de acordo com o ministro, a receita do Brasil precisa aumentar entre R$ 110 bilhões e R$ 150 bilhões para viabilizar as metas do novo arcabouço fiscal, proposto na Câmara dos Deputados.
*Com informações da repórter Paula Lobão
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