Infectologista diz que prescrição médica para vacinação de crianças é ‘inexequível’: ‘Não vai prosperar’

Presidente do departamento de Imunização da Sociedade Brasileira de Pediatria, Marco Aurélio Sáfadi afirma que exigência ‘não é sensata’ e impediria acesso de parte da população à imunização

  • Por Jovem Pan
  • 26/12/2021 12h30 - Atualizado em 26/12/2021 12h33
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EFE/ Miguel Gutiérrez Enfermeira aplica vacina em criança na Venezuela A avaliação é que o pedido inviabilizaria a campanha de imunização infantil, considerada essencial em meio aos avanços da variante Ômicron

A possível exigência de prescrição médica para a vacinação de crianças contra a Covid-19 continua sendo questionada por autoridades sanitárias e profissionais da Saúde. Na sexta-feira, 24, o Conselho de Secretários de Saúde (Conass) divulgou uma nota afirmou que o documento não será exigido pelos Estados. A avaliação é que o pedido inviabilizaria a campanha de imunização infantil, considerada essencial em meio aos avanços da variante Ômicron no Brasil e no mundo. O presidente do departamento de Imunização da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Marco Aurélio Sáfadi, alerta que a ideia do Ministério da Saúde é “inexequível”. “Parte relevante da sociedade não tem acesso a médicos para que eles possam prescrever. Não nos parece sensato a necessidade de solicitar uma receita para que se vacinem crianças, isso não vai prosperar”, afirmou o infectologista em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News. Ele defende que os secretários de saúde encontrem formas de garantir a imunização e proteção das crianças de 5 a 11 anos.

“A chegada de uma variante naturalmente vai se transmitir e vai causar impactos principalmente em grupos não vacinados, temos visto esse cenário na Europa e nos Estados Unidos. Não há nenhum dado que sugira maior gravidade em crianças, não é isso. As crianças, em geral, têm menos risco de desenvolver formas graves, mas isso significa que não há risco, que não há chance de hospitalização. Oferecer a proteção das vacinas às crianças  é um caminho absolutamente sensato e essa vacinação traz muito mais benefícios do que eventuais riscos”, acrescentou o Sáfadi, que pondera sobre os avanços da Ômicron pelo mundo e ressalta a importância da imunização de toda população, incluindo a terceira dose.

De acordo com o infectologista, as atuais evidências mostram que a nova cepa do coronavírus é “muito mais transmissível” e “escapa do sistema imunológico”, embora tenha como característica o desenvolvimento de quadros mais leves. Marco Aurélio Sáfadi menciona, no entanto, que não é momento de relaxar as medidas sanitárias ou minimizar a potencialidade da variante. “A maior transmissibilidade e capacidade de se transmitir em locais onde a gente tem altas taxas de vacinação vai fazer com que o vírus se espalhe de forma muito rápida. Creio que não será diferente no Brasil, isso destaca a importância de se valer da vacinação, que tem impedido os indivíduos de desenvolverem formas graves da doença. Então essa é a principal lição: continuar investindo para garantir altas taxas de imunização”, concluiu.

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