Inflação seguirá em alta nos próximos meses pela reoneração dos combustíveis
Economista e professor da FAC-SP afirmou que alta nos juros mostra-se condizente com o atual cenário de insegurança econômica; ‘situação para os próximos meses não é tranquila’, pontua o especialista
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,84%, segundo dados do Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O órgão ressaltou que a alta com os gastos com educação impulsionaram a taxa inflacionária, principalmente no Ensino Básico. O mês de fevereiro sempre é marcado pelo reajuste nas mensalidades das instituições de ensino em época de volta às aulas. A equipe do Jornal da Manhã conversou com Denis Medina, economista e professor da Faculdade do Comércio de São Paulo. “São números expressivos, principalmente quando olhamos o que vem acontecendo ao longo dos últimos período, quando os índices têm sempre demonstrado valores menores. Com isso, o valor de 0,87% em janeiro é o maior dos últimos dez meses”, informou. Sobre o impacto da educação, o especialista disse que os reajustes da mensalidade em relação ao último ano – que ocorrem em fevereiro – é característico do segundo mês do ano. O professor relembrou ainda que a reoneração no preço dos combustíveis – anunciada recentemente pelo governo federal -, fará com que o índice do mês de março também sofra uma alta. “Não é esperado um número baixo, justamente porque não vimos o impacto, que não incide sobre os combustíveis, mas coisas de comércio e indústria são transportadas com veículos que utilizam a gasolina. A expectativa de inflação para os próximos meses não é tranquila”, ressaltou.
Denis também falou sobre a pressão realizada pelo governo federal sobre os altos juros no Brasil – a taxa Selic, fixada em 13,75%. “A taxa de juros alta é justamente para tentar conter inflação. Mas quando ele reonera, ele coloca mais uma pressão inflacionária. Vários fatores mostram que não temos um controle efetivo da inflação”, disse. O especialista também alerta que as consequências da alta dos juros incide justamente sobre a população menos favorecida, que exige um percentual maior da sua renda para adquirir o mesmo produto que alguém com mais recursos. “O problema é que ao longo do ano os preços vão subindo, e a gente tem um reajuste no salário uma vez no ano. Vai prejudicando os mais pobres, essa situação”, analisou. Questionado sobre o novo arcabouço fiscal, que deve ser apresentado ao governo Lula pelo ministério da Fazenda e pela pasta do Planejamento, Denis ressaltou que os gastos público aumentaram desde o início da gestão Lula com a aprovação da PEC Fura Teto, junto com uma crescente na arrecadação. “Haddad buscou aumentar o recebimento de impostos, está aumentando a carga tributária, mas falou que o teto de gastos não é a melhor solução e não trouxe uma alternativa. Não tem. No governo passado, tivemos recorde de arrecadação, apesar da desoneração”, finalizou.
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