Londres e Berlim têm protestos contra medidas de combate à Covid-19

Cartazes contra o 5G, antivacinas, coronacéticos e gente falando em vírus chinês deram o tom para a mobilização

  • Por Ulisses Neto/Jovem Pan
  • 31/08/2020 08h47
EFE/Andy Rain "Coronacéticos" fizeram manifestações na Inglaterra e na Alemanha

Esta segunda-feira marca um feriado aqui na Grã Bretanha, o último do ano antes do Natal e também o que marca o encerramento das férias de verão.  Tradicionalmente, hoje estaria ocorrendo o Carnaval de Notting Hill em Londres, que é o maior evento de rua da Europa, reúne mais de um milhão de pessoas no oeste da cidade. Mas neste ano o carnaval caribenho foi cancelado por conta da pandemia e as celebrações estão acontecendo virtualmente. As ruas do centro da capital ficaram cheias no final de semana por outro motivo – e que não há nada para ser celebrado.  Milhares de pessoas se reuniram na Trafalgar Square no sábado para protestar contra as medidas de distanciamento social adotadas para combater o coronavírus.  Toda a sorte de conspiracionista parece ter decidido se encontrar no mesmo lugar, dando um ar bastante pitoresco para a manifestação. Cartazes contra o 5G, antivacinas, coronacéticos e gente falando em vírus chinês deram o tom para a mobilização.

Os discursos feitos aos pés da coluna Nelson usavam o mesmo jargão criado pelo braço-direito do primeiro-ministro Boris Johnson – take back control – ou tome o controle de volta. O jargão ficou popular durante a campanha do Brexit, que também foi marcada por desinformação, fake news e promessas vazias.  Mas pelo menos aqui em Londres a manifestação foi pacífica e terminou sem incidentes.  Em Berlim, na Alemanha, uma mobilização semelhante reuniu muito mais gente e acabou em confronto com a polícia.  Cerca de 38 mil pessoas estiveram no centro da capital, de acordo com informações da polícia alemã. O protesto contra as máscaras, o distanciamento social e outras medidas para conter o coronavírus foi marcado pela truculência de parte dos manifestantes.  Um grupo tentou invadir o Palácio do Reichstag, que é utilizado para as reuniões do parlamento alemão e é uma grande símbolo democrático do país.

Os nazistas destruíram o prédio em 1933 em um gesto contra o pouco que restava de democracia no país antes da Segunda Guerra Mundial. No sábado, manifestantes anti-vacina e corona céticos tentaram chegaram a romper o cordão policial e por pouco não conseguiram entrar no prédio. Eles carregavam bandeiras do império alemão. Também chamou atenção a quantidade de bandeiras dos Estados Unidos e da Rússia no protesto em Berlim.  A classe política local inicia a semana hoje condenando em peso a manifestação, que não foi a primeira do estilo na Alemanha.

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