Lula, Moro e Bolsonaro sobem o tom e polarizam disputa de narrativas com foco em 2022
Três principais concorrentes à Presidência devem intensificar ataques, analisa especialista; ‘terceira via’ deve abraçar desidratação do atual presidente para chegar ao segundo turno
Durante live semanal da última quinta-feira, 2, o presidente Jair Bolsonaro (PL) não poupou críticas ao ex-ministro e pré-candidato à Presidência em 2022, Sergio Moro (Podemos). “Esse cara está mentindo descaradamente. O cara quer ser candidato, é um direito dele, ao invés dele mostrar o que ele fez, ele fica só apontando o dedo para os outros e mentindo. É o caso do Sergio Moro. Saiu a última notícia dele: ‘Bolsonaro comemorou quando Lula foi solto, diz Moro’. Em um vídeo, ele fala: ‘Ouvi dizer’. É um papel de palhaço, é um cara sem caráter”, disparou o chefe do Executivo. Em entrevista à Jovem Pan do Paraná, Sergio Moro lembrou da decisão do Supremo Tribunal Federal de acabar com a previsão de execução da pena após a condenação em segunda instância de Lula. “O presidente não fez nada e, na verdade, o que a gente sabia é que o Planalto, o presidente, comemorou quando o Lula foi solto lá em 2019. Ele entendia que aquilo beneficiava ele literalmente. Ele não trabalhou para manter a execução em segunda instância. Inclusive na época o filho dele publicou no Twitter sobre a execução em segunda instância, e o presidente mandou apagar. Foi um episódio meio constrangedor”, contou Moro.
O presidente Bolsonaro criticou a declaração do ex-juiz. “Ah, o senhor ouvia no Palácio do Planalto que ele comemorou porque era bom politicamente para ele? Está de brincadeira, pô. Está de brincadeira? Mentiroso, deslavado”, rebateu Bolsonaro. A estratégia dos pré-candidatos à Presidência da República, segundo os especialistas, é desestabilizar o concorrente. A partir de agora o que está em jogo é pegar a confiança daquele eleitor indeciso. Também durante uma live, o ex-presidente Lula voltou a criticar o principal concorrente, o presidente Bolsonaro. O alvo foi o fim do programa Bolsa Família. “Bolsonaro é uma anomalia política no Brasil. Sabe o que que é anomalia? Ele não era para existir. O povo brasileiro, pela luta que já fez, não era para ter uma figura grosseira, porque ele é grosso. Ele é grosso. Você acha que eu falo isso com orgulho? Eu não falo, não, porque eu sou um cara que eu só tenho o meu diploma primário e um diploma do Senai. Ele deve ter um diploma de tenente”, apontou Lula.
Em contrapartida, Bolsonaro critica Lula sobre o assistencialismo aos países comunistas. “Temos um exemplo aqui e quero deixar bem claro. Nas eleições da Venezuela, do tempo do Chaves e do Maduro, todas as vezes Lula esteve lá fazendo campanha, até um dado momento, quando começou faltar papel higiênico na Venezuela, o que Lula disse? ‘Na Venezuela, pode faltar tudo, menos democracia'”, relembro Bolsonaro. Segundo o cientista político, Alberto Gondo, a tendência é que esses ataques se intensifiquem ainda mais. “É uma situação em que nós temos um cenário de reeleição do Bolsonaro, nós temos um quadro de um segundo turno que, até segunda ordem, ele estava praticamente irreversível. Ia ser uma disputa muito clara entre uma reeleição e uma tentativa de retorno do ex-presidente Lula. O segundo turno está muito cobiçado. Ele está cobiçado exatamente por quatro ou cinco grandes partidos que sabem que não disputam o voto da esquerda. Então a terceira via, que antes nós observávamos que caminhava muito para um lado central, agora é para desidratar a vaga que parece mais frágil no momento, que é a vaga do presidente Bolsonaro no segundo turno”, analisou. Também integram o famoso tabuleiro eleitoral na corrida à Presidência da República o governador João Doria, do PSDB, e Ciro Gomes, do PDT.
*Com informações do repórter Maicon Mendes
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