Mauro Mendes defende cooperação de governos Estaduais com Lula: ‘Vai depender dele’
Para o governador do Mato Grosso, aliado de Jair Bolsonaro, torcer contra futuro presidente seria ir contra o desenvolvimento do Brasil
O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), concedeu entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, nesta segunda-feira, 31, para falar sobre a relação entre os entes federados com o novo governo federal, que será formado a partir de janeiro de 2023, com a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).Ele defendeu pregou a manutenção de uma boa relação com o futuro governo Lula, mesmo sendo aliado de Jair Bolsonaro. “É necessário diálogo. Ele é fundamental para que nós tenhamos cooperação. O cidadão brasileiro quer que o Estado, no seu sentido mais amplo, o governo federal, governos estaduais e municípios, funcionem bem. Afinal de contas, todos nós, cidadãos, pagamos para que o poder público preste serviço de qualidade ao cidadão brasileiro. E, quando há essa sinergia, se pode otimizar a aplicação do dinheiro público e dar um retorno melhor para o cidadão brasileiro, no meu caso o cidadão mato-grossense. Vamos, sim, dialogar, cooperação, vamos respeitar democraticamente o resultado das urnas (…) tenho certeza que os governadores vão cooperar, porque, afinal de contas, quem quer o bem do Brasil não pode querer o mal daqueles que foram eleitos. Torcer contra um sucesso do presidente Lula seria torcer para que nós percamos esse jogo, que vai trazer graves consequências para milhares, a maioria dos brasileiros. Mas isso vai depender fundamentalmente dele [de Lula], porque vai haver uma esquerda de um lado, [e do outro] uma direita que antes era uma direita envergonhada, as pessoas tinham vergonha de dizer que eram de direita, hoje muitos têm orgulho de dizer que são de direita, com posições firmes e contundentes. Então, pode haver uma polarização se não houver uma sabedoria na condução das ações de gestão”
Ainda assim, defendendo o diálogo e parcerias, Mendes destacou a capacidade do Mato Grosso de crescer fortemente de maneira individual. “Nós construímos aqui em Mato Grosso uma condição de que o nosso Estado pode e vai, se Deus quiser, caminhar com as suas próprias pernas. Quando assumi o governo em 2019, pegamos um Estado totalmente desequilibrado, com contas e salários atrasados. Fizemos um duro ajuste fiscal. Fizemos aquilo que é necessário fazer para que o Estado cumpra o seu papel perante o cidadão. Fizemos política pública nesses quatro anos, recuperamos a capacidade do Estado investir, fechamos dois anos consecutivos investindo em torno de 15% da nossa receita corrente líquida. Vamos, o ano que vem, já está garantido em orçamento, novamente investir nessa casa, que é algo muito diferente do Brasil. Então, o nosso Estado construiu, com suas próprias capacidades e receitas, as condições de cumprir o seu papel perante o cidadão. Claro que o relacionamento com o governo federal é importante, porém, nós não somos mais um Estado dependente de uma relação ou de verbas que, eventualmente, possam ou não ser liberadas por parte da União. Por isso que eu acredito que nós vamos continuar, aqui nesse canto do Brasil, mantendo um ritmo acelerado de investimentos, crescendo o nosso PIB e cumprindo o nosso papel com o cidadão”
O governador ainda falou desafios de gestões a partir de 2023, que deverão ser acentuados a medida em que a crise econômica mundial seguir este mesmo caminho. “Nós temos grandes desafios. Os sinais no horizonte não são fáceis. O mundo está submergindo numa crise. Cenário de muita incerteza. Isso pode e, provavelmente, vai afetar o preço das commodities. E o Mato Grosso é o maior produtor brasileiro de commodities agrícolas. E isso pode trazer algum reflexo para nós, aqui. Desafios teremos. Mas o Brasil precisa fazer a sua lição de casa. O nosso maior problema não é o que acontece ou vai acontecer lá fora, é aquilo que não acontece aqui dentro. Estamos há décadas falando de reforma tributária e política, fizemos um reforma da previdência paliativa, dizem que fizeram o que era possível fazer. Conversa vai, conversa vem, o Brasil está perdendo o bonde da história. Se essa crise econômica mundial se aprofundar, for maior do que muitos imaginam, o Brasil pode ter duras consequências. O agro brasileiro e mato-grossense, que é um setor muito produtivo da nossa economia, novamente terá papel importante, porque com o mundo em crise muita coisa deixará de ser comercializada, mas comida ainda é um bem de primeira necessidade, embora seja afetado também. Mas eu vejo como um desafio muito mais aqui dentro, do presidente Lula ter a capacidade de fazer uma agenda para o Brasil e não uma agenda para setores específicos, olhar muito para a esquerda e não olhar para a direita. Tem que olhar para o nosso país, compreendendo o tamanho do desafio que nós temos, e fazer aquilo que é necessário para tornar esse um país do presente e não, eternamente, como se diz, um país do futuro
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