Médicos relatam exaustão na linha de frente da Covid-19

Enfermeiros e técnicos de enfermagem também trabalham quase que sem parar nas alas com pacientes contaminados

  • Por Jovem Pan
  • 02/01/2021 10h00 - Atualizado em 02/01/2021 16h59
EFE/JuanJo Martín Médica vê exame no raio-x O que todo mundo espera é que as medidas preventivas permaneçam para que a vida seja preservada

Dia e noite de trabalhos intensos na tentativa incessante de salvar vidas e plantões seguidos em hospitais lotados. O resultado: a exaustão. Médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem trabalham quase que sem parar nas alas com pacientes contaminados pela Covid-19. A partir de agora, acompanhamos depoimentos de profissionais que trabalham na linha de frente.

“Meu nome é Daniela, sou médica. Trabalhei na linha de frente contra a Covid-19 no ano de 2020. O medo de chegar em casa e transmitir para minhas filhas, a ansiedade de estar assintomática e transmitir para outros pacientes, a angústia de cada dia ver mais gente morrendo na UTI, a insegurança de ficar doente e não poder ajudar. São exemplos de sentimentos que me rodearam durante toda pandemia.” Daniela Watari

“Meu nome é Tânia e sou técnica de enfermagem. A pandemia está muito séria. A gente tem a vacina, mas a gente não sabe exatamente quando tudo isso vai se resolver. A única coisa que dá para pedir é para você se cuidar. Eu cuido de mim e cuido de você quando estiver no hospital. Mas se cuida para não chegar no hospital. É importante para todo mundo.” Tânia Regina

“Sou Sérgio Zanetta, médico sanitarista e professor da Faculdade de Medicina do Cento Universitário São Camilo. Nós sabemos o que passamos e sabemos que não acabou. A notícia que não vai acabar tão cedo. Nós teremos, pelo menos, mais um ano em que teremos que manter alguma rigidez no distanciamento pessoal, no uso das máscaras fora do ambiente domiciliar e na higienização frequente das mãos sempre que circularmos.” Sérgio Zanetta

O pesquisador do Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica da USP, Márcio Bittencourt, explica que a demanda de pacientes com Covid-19 é muito maior do que com outras internações. “Acho que tem vários motivos. Primeiro, o perfil de gravidade média de um paciente com Covid-19 é maior do que o perfil de gravidade média de um paciente com outras doenças. É mais provável que precise de oxigênio, cateter de alto fluxo, mais apoio da fisioterapia, enfermagem. Quando eles internam na UTI, é mais provável a ventilação mecânica. Precisa de mais cuidado no paciente com aparelho.” Mas, apesar de tudo, para ele, existem também, marcas positivas dessa pandemia. “A gente aprendeu muito e estruturou o sistema de saúde um pouco melhor. Estamos mais preparados para receber situações mais intensas no futuro.” O que todo mundo espera é que as medidas preventivas permaneçam para que a vida seja preservada.

*Com informações da repórter Mônica Simões

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