Moro diz que crise de servidores é fruto de falhas na política econômica do governo
Para o ex-ministro, a reinvindicação dos trabalhadores é ‘justa’, considerando a alta inflacionária e ‘perda dos salários’; no entanto, ele reconhece concessão dos aumentos é difícil
O ex-juiz Sergio Moro, pré-candidato à presidência da República, enxerga que uma má condução da política econômica do governo federal levou à alta dos combustíveis e à crise dos servidores, que afeta diversos órgãos como a Receita Federal, o Banco Central e pode culminar em uma greve no próximo mês. Na visão de Moro, é um descontrole da inflação que afeta todo o cenário. “A pretensão dos servidores é justa. Eles também perderam salários, estão vendo o governo dar benefícios a outros grupos, mas estamos em situação difícil de dívida fiscal. É difícil dar reajuste, mas tudo isso é o descontrole inflacionário”, afirmou o ex-ministro em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News. Ele defende que o primeiro passo de um “governo responsável” é o controle da inflação, para que seja possível voltar os investimentos e à criação de emprego e renda.
O ano de 2021 fechou com inflação de 10,6%, maior índice desde 2015. Em outras palavras, segundo o ex-juiz, isso significa que os trabalhadores perderam 10% do salário, o que justifica as cobranças por reajustes. “Infelizmente, essa situação de combustível, dos servidores, é resultante de uma má condução da política econômica do governo federal. O governo falhou na política econômica”, pontuou Moro, sem citar nomes. A pressão dos auditores fiscais e outros servidores por aumento salarial, que se estende há semanas, acontece após o presidente Jair Bolsonaro prometer reajuste salarial apenas para policiais federais, policiais rodoviários federais e servidores do departamento penitenciário, em detrimento de outras categorias.
Ainda durante a entrevista, Sergio Moro condenou que a economia do Brasil seja submetida à política partidária e falou em “gambiarras” do governo. “Temos uma situação de crise, descontrole inflacionário, aumento de juros relacionados a perda de credibilidade fiscal. O teto fiscal perdeu credibilidade. No momento que você admite todas aquelas alterações, aquelas gambiarras, para acomodar interesses partidários. Não se pode submeter a economia, aí lê-se os interesses do país, não se pode submeter esses interesses a política partidária, que é o que está fazendo o governo atual quando transfere os poderes do Ministério da Economia para a Casa Civil”, finalizou.
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