MP cobra esclarecimento dos Bombeiros sobre documentos de prédios incendiados no centro de São Paulo

Promotoria quer saber se todos os imóveis estavam regularizados com exigências como, por exemplo, o auto de vistoria ou certificado de licenciamento

  • Por Jovem Pan
  • 12/07/2022 06h45 - Atualizado em 12/07/2022 11h29
Foto: WILLIAN MOREIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Incêndio no Centro de SP Incêndio atinge edifício comercial na Rua Barão de Duprat, Centro de São Paulo, na noite deste domingo, 10. Corpo de Bombeiros atua no combate a chamas com 80 agentes

O Ministério Público de São Paulo pediu esclarecimentos ao Corpo Bombeiros sobre a documentação dos imóveis atingidos pelo fogo no centro de São Paulo na noite do último domingo, 10. O promotor Roberto Luis de Oliveira Pimentel quer saber se todos estavam regularizados com exigências como, por exemplo, o auto de vistoria ou certificado de licenciamento do Corpo de Bombeiros. O Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) atesta se um prédio segue as normas de segurança e se tem os equipamentos de proteção obrigatórios. A informação que se tem é de que o prédio mais alto, onde o fogo começou, estaria irregular. A Univinco, associação que representa os lojistas da região de rua 25 de Março, diz que orienta a todos para se regularizarem, mas que o processo é demorado e que o certificado desse prédio estava tramitando desde 2019

Em entrevista à Jovem Pan News, o engenheiro e inspetor predial Roberto Armani destacou que os laudos dos Bombeiros têm duração de até cinco anos e que mostram apenas a situação de quando os Bombeiros estiveram no local para avaliação. Sendo assim, segundo ele, seria mais eficiente fazer vistorias preventivas frequentes. “Os incêndios, quando acontecem, eventualmente algum problema de prevenção deixou de ser atendido. Será que todos os sistemas de prevenção estavam funcionando, estavam em ordem? Muitas vezes, as pessoas se preocupam muito com o aspecto legal, se tem o AVCB ou não, mas é importante pensar na proteção da edificação durante todo o seu tempo de uso”, defende. Apesar de ainda não haver um parecer definitivo da Defesa Civil, ainda não está descartada a hipótese de algum dos imóveis atingidos pelo fogo desabarem.

24 horas após o início do incêndio em um prédio comercial da rua Barão de Duprat, próximo à 25 de Março, no centro de São Paulo, o Corpo de Bombeiros ainda trabalhava nos últimos andares da edificação. Ainda não se sabe o que teria ocasionado o incêndio. Um passo importante para esclarecer esse ponto será a perícia, mas o Instituto de Criminalística (IC) só terá acesso ao local quando o fogo for totalmente instinto. Um inquérito policial foi aberto e, por enquanto, o que se pode afirmar é que, apesar da ocorrência ter sido registrada como incêndio e furto, não há conexão entre os fatos. Segundo o delegado Roberto Monteiro, já se descartou a relação do acidente com um homem que foi visto por perto portando carregadores de celulares. “Não tem relação com essa pessoa que foi vista aí com algumas mercadorias nas mãos. Inclusive, essas mercadorias estão apreendidas no 1º DP e passarão por perícia. A principal testemunha é uma moça chamada Karina, que mora no prédio ao lado. Ela estava em casa e ouviu um grande estouro. Ela foi até a janela e já viu uma labareda saindo do meio do prédio

Foi mais uma noite agitada para o segurança Luciano Jesus Silva, que está acostumado a não ter companhia nas rondas noturnas que faz na região. Foi ele quem primeiro percebeu o fogo na noite do último domingo, 10, e chamou os Bombeiros. “Eu passei pelo prédio, o alarme começou a tocar. Eu voltei para verificar, porque é o meu trabalho isso, verifiquei as portas, fiz um vídeo da frente do prédio, estava tudo normal. Quando eu terminei o vídeo, eu dei dois passos para trás porque ouvi um barulho. Corri para a rua Barão de Duprat, que é onde ficam as costas do prédio, quando cheguei lá já tinha uma labareda pequena, não grande”, comenta. O fogo se espalhou por vários pontos, incluindo a Igreja Ortodoxa da Anunciação a Nossa Senhora, a primeira do Brasil, marco da imigração sírio-libanesa. A fumaça muito forte podia ser vista até mesmo de outros bairros do centro de São Paulo. Não houve vítimas no incêndio. Os dois bombeiros que ficaram feridos, com queimaduras de segundo grau, estão conscientes e estáveis. Eles receberam a visita do governo de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB).

*Com informações da repórter Carolina Abelin

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