MPF apura se Bolsonaro avisou Milton Ribeiro de operação da Polícia Federal

A suspeita acontece após um áudio entre o ex-ministro da Educação e uma de suas filhas ser obtido pela Justiça

  • Por Jovem Pan
  • 25/06/2022 12h13 - Atualizado em 25/06/2022 12h17
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LUCIANO FREIRE/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Ministro da Educação, Milton Ribeiro, durante coletiva do INEP Milton Ribeiro, ex-ministro da Educação, está sendo investigado por corrupção durante o governo Bolsonaro

O Ministério Público Federal (MPF) está apurando se o presidente Jair Bolsonaro (PL) avisou Milton Ribeiro da operação “Acesso Pago” da Polícia Federal, que investiga supostas irregularidades na liberação de recursos do Ministério da Educação, no período entre julho de 2020 e março de 2022, quando o ex-ministro comandou a pasta. A suspeita acontece após um áudio entre Ribeiro e uma de suas filhas ser obtido pela Justiça – na conversa, que teria acontecido antes do antigo responsável pelo MEC ser detido, ele conta que o chefe do Executivo tinha um “pressentimento” de que a PF iria fazer uma busca e apreensão em sua casa. Após a prisão na quarta-feira passada, o desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1º Região (TRF-1), acatou no dia seguinte o pedido de habeas corpus e determinou que o ex-ministro fosse libertado.

“Hoje o presidente me ligou. Ele tá com pressentimento novamente de que eles podem querer atingi-lo através de mim. É que eu tenho mandado versículos pra ele né. Ele acha que vão fazer uma busca e apreensão em casa… Bom, isso pode acontecer né, se houver indícios”, conta Milton Ribeiro, antes de ser avisado que a filha estava usando um “celular normal”. “Não, pai, essa voz não é definitiva. Eu não sei se ele tem alguma informação. Eu estou te ligando no celular normal viu pai”, disse. “Ah é? Ah então depois a gente fala então, tá”, respondeu o ex-ministro da Educação.

Na sequência do diálogo, a filha de Ribeiro ainda diz que o pai “não tem nada a esconder” e encerra a ligação. A transcrição da gravação consta na decisão do juiz Renato Borelli, da 15ª vara federal do Distrito Federal e que remeteu às investigações de corrupção no MEC ao Supremo Tribunal Federal (STF). Advogado de Bolsonaro, Frederick Wassef negou qualquer interferência de Bolsonaro na investigação do caso. “Compete ao ex-ministro explicar ao senhores porque ele usou o nome, de forma indevida, do presidente da República. Não existe na entre o presidente e o ex-ministro, eles não têm contato e não se falam. Bolsonaro cuida do Brasil, ele não é advogado e não tem a ver com investigações de seu ex-ministro”, disse à imprensa.

Para a defesa, Jair Bolsonaro (PL) é vítima de crimes e não tem acesso a nenhum tipo de informação privilegiada na Polícia Federal. “Alguém lá dentro está, de maneira proposital, vazando este material, tirando de contexto, para gerar matérias jornalísticas com o único objetivo de fim político. É para atingir a imagem e a reputação do presidente Jair Bolsonaro. Repito: ele não tem nada a ver com este inquérito. Tiraram de contexto uma frase. Ele não tem mais contato com o ex-ministro. A Polícia Federal de Brasília, como toda no país, é séria, competente. A superintendência é conhecida como a mais rigorosa no Brasil”, completou Wassef.

Agora, caberá ao Supremo Tribunal Federal e à Procuradoria-Geral da República analisar as provas para avaliar se a investigação deverá permanecer no Supremo ou se volta à primeira instância. O caso está com a ministra Rosa Webber. Líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues já protocolou uma ação no STF solicitando a abertura de uma CPI para apurar a possível interferência do chefe do Executivo no caso envolvendo Milton Ribeiro, que é suspeito de participar, junto com o próprio Bolsonaro, de um esquema para liberar verbas do Ministério da Educação em troca de propina.

*Com informações do repórter Bruno Pinheiro

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