Na Câmara, Salles rebate oposição e nega falta de ação em desastre no Nordeste

  • Por Jovem Pan
  • 07/11/2019 06h34
Pablo Valadares/Câmara dos Deputados Ricardo Salles Ministro disse que recebeu pasta defesada após má administração do governo anterior

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, esteve na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (6) para prestar esclarecimentos sobre as causas do óleo nas praias do Nordeste brasileiro. O pedido para realização da audiência foi feito pelos deputados Leonardo Monteiro (PT) e Jandira Feghali (PCdoB). A oposição acusa o governo de inércia e cobra ações contra o crime ambiental.

Salles detalhou o andamento das investigações sobre a origem do material, mas admitiu que é difícil saber quanto óleo ainda pode aparecer. O ministro negou lentidão do governo na resposta ao desastre ambiental.

“Mesmo utilizando todo esse monitoramento que nós fizemos por satélite, radar, as informações de navios da Marinha, o avião do Ibama e etc., a detecção é muito difícil. Porque ao não se saber qual a origem, você não sabe onde olhar para saber se continua saindo óleo, se a fonte permanece. Então essa é dificuldade técnica”, explicou.

A sessão foi marcada por provocações e acusações de parlamentares da oposição. A deputada Sâmia Bonfim (PSOL) apontou os problemas causados pelo derramamento de petróleo e reclamou que o ministro do Meio Ambiente se esquivou das perguntas.

“O senhor continua com esse mesmo sorrisinho irônico, mas enquanto o senhor sorri, ri à toa, tem milhares de trabalhadores nordestinos que estão tendo a sua fonte de renda, a sua atividade econômica prejudicadas em função dessa tragédia sem precedentes no litoral nordestino brasileiro. São pescadores, marisqueiros, pequenos comerciantes, trabalhadores de redes de hotelarias, sem contar tantas outras pessoas que estão em risco, tendo sua saúde exposta por terem que tirar no braço, o óleo que está tomando conta do litoral nordestino’, disse.

Questionado sobre o contingenciamento de verbas para ações do ministério, Salles atribuiu o problema às gestões anteriores. “O contingenciamento, não é corte, é decorrência do que nós recebemos em termos de  fragilidade econômica. Eu não vou me alongar nesse aspecto para o deputado não dizer que eu estou politizando um tema. Não se faz pedalada nem mágica fiscal orçamentária, se lida com a realidade. Quem nos entregou os órgãos ambientais com 50% da força de trabalho desfalcada foi o governo anterior. O Temer é a consequência do impeachment da presidente Dilma, que foi cassada pela incompetência e pelos escândalos de corrupção e ineficiência.”

Salles deixou a audiência apressado, alegando que tinha uma conferência com órgãos de controle norte-americanos para discutir a situação no Nordeste.

Segundo o Ibama, fragmentos de óleo foram identificados em Mucuri, no extremo sul da Bahia, quase na divisa com o Espírito Santo. Por conta da contaminação, a suspensão de visitas ao Parque Nacional Marinho de Abrolhos foi prorrogada até o dia 14 de novembro.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) concentrou na Justiça Federal de Sergipe todas as ações contra a União por danos causados pelos resíduos.

A Delta Tankers informou, nesta quarta-feira (6) que, além do Boubolina, principal suspeito do vazamento, outros quatro navios gregos estão sendo investigados como possíveis responsáveis pelo derramamento de óleoA empresa nega qualquer relação com o desastre.

A Marinha não confirma os nomes das demais embarcações, mas diz que pediu informações às autoridades gregas no mês passado. Até agora, mais de 4 mil toneladas de resíduos foram retirados das praias do Nordeste.

*Com informações do repórter Matheus Meirelles

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