Na CPI da Câmara de SP, ex-médicos da Prevent reforçam que prescrição do ‘kit covid’ era ‘obrigatória’

Além da obrigatoriedade, os profissionais denunciaram que a operadora de saúde evitava internações e realização de exames, além de determinar que os médicos deixassem seus carimbos com CRM com enfermeiros de plantão

  • Por Jovem Pan
  • 26/11/2021 07h12 - Atualizado em 26/11/2021 12h00
Fotos: Richard Lourenço / Rede Câmara CPI da Prevent Senior na Câmara de SP Os médicos Walter Correia de Souza Neto, Andressa Joppert e George Joppert em depoimento da CPI da Prevent Senior na Câmara Municipal de São Paulo

Na última quinta-feira, 26, a CPI da Prevem Senior da Câmara Municipal de São Paulo ouviu três médicos que denunciaram a operadora de saúde por ações realizadas na pandemia da Covid-19. O primeiro a depor foi o ex-médico da operadora Walter Correia de Souza Neto. Ele confirmou que o núcleo chamado ‘Pentágono’, da direção da Prevent Sênior, obrigava todos os médicos a prescreverem medicamentos sem eficácia no tratamento da Covid-19. “Eles chegaram a mandar uma mensagem: ‘olha, vocês aqui não são obrigados, não’. Eu falei ‘poxa, então se não somos obrigados, eu posso parar de prescrever’. Fiquei um único dia sem prescrever e fui chamado para uma conversa com o doutor Fernando Oikawa, que esteve aqui mentindo na semana passada, e ele disse ‘olha, tem que prescrever, não tem outra condição’ e eu tive que voltar a prescrever”, afirmou.

O médico Walter Correia de Souza Neto disse ainda que existia uma ordem de não internar pacientes, mesmo em condições graves da doença. Ele ficou chocado com o que aconteceu nos plantões do pronto atendimento da Prevent Sênior. “Você via pacientes desassistidos, pacientes voltavam oito, nove, dez vezes no pronto atendimento sem ter feito nenhum exame, até que o paciente morre. Coisas que aconteciam, que você ficava chocado, mas acontecia com muita frequência”, revelou. Walter recebe possíveis ameaças de morte vindas da direção da operadora de saúde. “Estão falando que vão fazer coisa com você, melhor você não nem sair na rua. É esse tipo de coisa que eu ouço ainda. Eu vi esses caras terem total desrespeito pela vida todo o tempo que eu fiquei lá, acho que não vai ser a minha [vida] que eles vão começar a respeitar. Já tive ameaça, ouço essas coisas. Eu tenho medo realmente de sair na rua. Eu vejo a Prevent como criminosos, nós estamos falando de homicídio aqui”, declarou.

A médica Andressa Joppert também confirmou o método denunciado pelo colega. E ainda acrescentou que a operadora de saúde obrigava os médicos a deixar o próprio carimbo com o CRM para os enfermeiros de plantão, prática criminosa segundo o Conselho Nacional de Medicina. “Quando eu estava fazendo plantão na unidade do Butantã, no Morumbi, foi mandada uma mensagem. O doutor Thales Ribas mandou uma mensagem depois que o Conselho Regional de Enfermagem foi lá na unidade, ele mandou uma mensagem para o grupo de médicos dizendo que não era pra deixar o carimbo na mão do enfermeiro e nem que o enfermeiro assinasse, porque era muito comum isso”, pontuou a médica. O terceiro médico George Joppert também foi ouvido e confirmou todas as denúncias. Os três médicos ouvidos pela CPI ajudaram a elaborar o dossiê contra a operadora de saúde. Ainda de acordo com os vereadores, os médicos forneceram os documentos que só reforçam a denúncia. Em nota, a Prevent Senior afirmou que nunca obrigou médicos a prescreverem atendimentos ou medicamentos.

*Com informações do repórter Maicon Mendes

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