Nordeste deve concentrar primeiras doses da Sputnik em poucas cidades, dizem governadores

Porcentagem de imunizantes recebidos faz com que governos mirem em municípios pequenos como forma de análise do poder das vacinas

  • Por Jovem Pan
  • 06/06/2021 12h06
EFE/EPA/RDIF Frascos da vacina russa contra a Covid-19, Sputnik V Vacina russa deve ser aplicada mesmo sem uso emergencial aprovado

Após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ter aprovado a importação de alguns lotes das vacinas russa Sputnik V e indiana Covaxin, muitas dúvidas surgiram quanto a segurança dos imunizantes. Em entrevista à Jovem Pan, o gerente geral de medicamentos da Anvisa, Gustavo Mendes, explicou por que a agência mudou de posição após rejeitar pedidos de compra anteriores. Segundo ele, os fabricantes russo e indiano disponibilizaram mais informações, mas ainda há dados faltando em relação às duas vacinas para que uma decisão mais concreta, como autorização de uso emergencial, possa ser tomada. Por isso, o uso será restrito. Gustavo diz que a aplicação de forma limitada servirá para contribuir com estudos de efetividade e vai poder gerar dados para decisões futuras da Anvisa. “A gente fez uma série de restrições, por exemplo, pessoas que têm hipersensibilidade, pessoas que já tomaram outras vacinas, pessoas que têm casos de comorbidade grave, não controlada, então a gente eliminou qualquer indivíduo que possa ter um risco e também colocou esse quantitativo pensando que esse uso controlado e restrito é num ambiente de estudo de efetividade, então precisa ficar muito claro para as pessoas. As pessoas que tomarem essas vacinas vão ser acompanhadas muito de perto pela Anvisa, pelo governadores, porque é preciso, devido às incertezas que a gente ainda tem, é preciso gerar esses dados para a gente observar se pode ampliar o uso disseminado ou não”, pontuou.

As doses só poderão ser aplicadas em adultos de 18 a 60 anos, sem comorbidade e ainda não vacinados. A importação está autorizada apenas para lotes específicos da Covaxin pelo Ministério da Saúde e da Sputnik que foi solicitada por seis Estados. A aplicação só pode atingir 1% da população, o que para a Covaxin seria de até 4 milhões de doses e para Sputnik 950 mil doses. Gustavo Mendes ressaltou que as doses dos dois imunizantes só poderão vir de plantas já inspecionadas pela Anvisa e terão ainda de passar por outras análises de segurança. “Vai ter que ter um laudo do INCQS como uma prova de qualidade da vacina, vão ter que ter testes mostrando que não tem nenhuma impureza, nenhum adenovírus vetor, que replica, nada que possa colocar em risco. Nós acreditamos que para essa população específica, claro, vai ter um acompanhamento, vai ter um monitoramento, mas para esses grupos restritos e controlados a gente acredita que o dado de segurança vai ser favorável”, explicou.

Em reunião realizada neste sábado, 5, os governadores do Nordeste e a chamada Amazônia Legal celebraram a decisão da agência em relação à Sputnik. O grupo está conversando com a Rússia para superar trâmites legais e viabilizar a vinda do imunizante. Em transmissão ao vivo neste sábado, o governador do Piauí e coordenador da temática da vacina no fórum dos governadores, Wellington Dias (PT), afirmou que os Estados do Nordeste estudam aplicar as primeiras doses da Sputnik V em uma cidade de cada Estado. “A ideia que a gente discutiu hoje é de provavelmente escolher cidades. O Piauí, com esse 1%, vai receber 64 mil doses. Vamos escolher uma cidade que tenha mais ou menos 32 mil pessoas para vacinar e ali vamos aplicar a primeira e segunda dose, como foi feito em Serrana, aplicado ali pelo Instituto Butantan”, afirmou. O uso emergencial das vacinas seguirá em análise pela Anvisa. Caso ele seja reprovado, os estados deverão suspender a importação, distribuição e aplicação imediatamente.

*Com informações da repórter Carolina Abelin

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