‘Nota-se boa intenção de acertar’, avalia Collor sobre atuação de Bolsonaro na pandemia

Ex-presidente evitou falar em possíveis cenários para 2022 e defendeu a vacinação contra a Covid-19

  • Por Jovem Pan
  • 22/03/2021 10h51 - Atualizado em 22/03/2021 16h03
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Alan Santos/PR Em relação aos ataques feitos recentemente ao Poder Judiciário, o ex-presidente da República classificou como absolutamente grosseiros

O ex-presidente da República e atual senador Fernando Collor não vê semelhanças entre a crise que causou seu impeachment e os desafios do governo de Jair Bolsonaro. Para ele, o chefe do Executivo não tem que ser afastado do cargo. “A falta de sustentação política que eu não tinha no Congresso me fragilizou demais e fez com que o processo de impeachment corresse celeremente, o que levou ao meu afastamento. No momento não se fala em impeachment, é descabida e desmedida essa possiblidade até porque ele está exercendo o seu poder, a sua função. Nota-se que ele tem uma boa intenção de acertar, fazer o melhor com as suas convicções”, afirmou.

De acordo com Collor, ao comparar momentos de crise, os dele estavam vinculados à questão política — enquanto os do atual gestor dizem respeito ao melhor caminho para combater o coronavírus. Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, o ex-presidente evitou falar do cenário para as eleições presidenciais de 2022. “O cenário que teremos daqui a dois anos será completamente diferente dos traçados hoje pelos analistas e cronistas políticos. Eles não tem o dom da bola de cristal, da varinha de condão, que no ‘plin plin’ dizem o que vai acontecer.” Ele acrescentou que, em vez de pensar nas eleições, o foco deveria ser a erradicação da Covid-19.

Sobre a substituição do ministro Eduardo Pazuello pelo médico Marcelo Queiroga estar demorando para ser publicada no Diário Oficial da União, Collor lembrou que “isso acontece” e faz parte dos percalços de uma administração pública. Para ele, a única saída para a crise gerada pela pandemia é a vacinação. “Temos que nos concentrar na compra e aquisição de vacinas. Elas, sim, vão resolver os problemas que estamos sofrendo com essa pandemia”, completou. O senador também criticou as medidas de distanciamento social adotadas por diversos governadores e defendeu um bom diálogo com o governo federal para que se busque o consenso.

Para ele, é momento de conversa. “Se não está havendo consenso dentro dos próprios partidos, imagina no restante do gigantesco Brasil”, lembrou, se referindo ao desentendimento entre o prefeito da capital paulista, Bruno Covas, e o governador do Estado, João Doria, em relação às medidas adotadas de antecipação dos feriados no âmbito municipal. “É fundamental que se inicie um amplo diálogo e se estabeleça regras básicas de convivência, sempre tendo em vista que a união é fundamental.” Fernando Collor acredita, porém, que esse momento de unidade está próximo. “Conversando é que se entende e se estabelece regras.”

Em relação aos ataques feitos recentemente ao Poder Judiciário, o ex-presidente da República classificou como absolutamente grosseiros e inaceitáveis. “Os Poderes têm que funcionar harmonicamente e independentes entre si, precisam ser respeitados pela população. Pode-se discutir questões, mas sem que isso afeta seus estruturas. Eles são insubstituíveis no processo democrático. Quem ataca o STF e os magistrados que compõem a Corte trabalham contra a democracia e contra a si próprio”, explicou. De acordo com ele, existem caminhos naturais para contestação de decisões — e que a defesa do fechamento da Suprema Corte e do Congresso não devem ser jamais defendidos. “Não percebem a gravidade do que estão pedindo.”

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