Nova legislatura da Alesp começa nesta quarta; PSDB deixa comando da Casa após quase 30 anos

Deputado André do Prado deverá assumir a presidência da Assembleia Legislativa de São Paulo com apoio do PL, seu partido, e do PT

  • Por Jovem Pan
  • 13/03/2023 08h59 - Atualizado em 13/03/2023 13h16
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RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Fachada da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo a da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo

A Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) inicia na próxima quarta-feira, 15, uma nova legislatura, a 20ª, com mudanças importantes na política paulista. Depois de quase três décadas, o PSDB não comanda mais o Estado após a vitória de Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) nas urnas e, agora, será a vez de tucanos perderem também o comando da Alesp, já que o deputado estadual André do Prado (PL), considerado um pupilo de Valdemar da Costa Neto, deve ser eleito como novo presidente do legislativo paulista. O parlamentar faz parte da maior bancada da Casa, com 19 deputados, e recebeu o apoio de várias outras legendas, inclusive da segunda maior bancada, que é do PT, com 18 parlamentares. Para conseguir o apoio dos petistas, ele prometeu ao partido a primeira secretaria, posto que já ocupa há anos, mesmo ao longo de inúmeras gestões tucanas.

A deputada Letícia Aguiar (PP) define André do Prado como um parlamentar agregador: “Entendo que o deputado André do Prado é uma boa escolha para ser o presidente nestes próximos dois anos haja vista a experiência que ele já tem como deputado. Ele também é um deputado que se relaciona muito bem dentro da Assembleia Legislativa com todas as siglas”. Já o deputado Carlos Giannazi (PSOL) critica o acordo entre PT e PL: “Essa composição não beneficia em nada a nossa luta aqui em São Paulo porque quem manda é o presidente. O presidente é que tem o poder de pautar os projetos, ele que decide os membros das comissões. Ele tem o principal cargo. Os outros cargos são secundários”.

Depois de PL e PT, os tucanos seguem com a terceira maior bancada, com nove deputados eleitos; seguidos por Republicanos e União Brasil, com oito cada; o PSOL elegeu cinco parlamentares; Podemos, MDB e PSD têm quatro; PP e PSB, três; PSC e Cidadania, dois; e Rede, PCdoB, Novo, Solidariedade e PDT, um parlamentar cada. Uma das principais dúvidas que cercam a nova Alesp é justamente sobre como será a relação de Tarcísio Gomes de Freitas com o legislativo paulista. Carioca e sem histórico político em São Paulo, o governador conta com Gilberto Kassab (PSD) como um dos principais articuladores do governo.

A expectativa de Letícia Aguiar, que vai compor a base de Tarcísio, é de que a relação dele com os deputados seja técnica. “Não significa que não teremos dificuldades, não significa que não teremos desafios, não significa que o governador Tarcísio não terá oposição, ele terá oposição, uma oposição que vai realmente criar um embate, um embate político. Isso faz parte de qualquer casa legislativa. Mas a maneira como o governador Tarcísio vem conduzindo demonstra que ele está apto a ouvir. Eu acho que todo grande líder tem que ser um bom ouvinte. Essa integração técnica e política será também um diferencial dessa gestão”, aposta. Já Carlos Giannazi acredita que a Alesp vai “continuar como um puxadinho do governo estadual”, o que para ele já ocorria nas gestões tucanas. “As práticas do PSDB, na minha opinião e de muitas pessoas, continuam vigorando dentro do novo governo do Tarcísio, que inclusive fez alianças com os tucanos aqui em São Paulo, tanto na Assembleia Legislativa como também em nível mais geral. E já dando continuidade, de uma forma mais acelerada, às políticas perversas do tucano, como, por exemplo, as privatizações. Uma das primeiras medidas do governo do Tarcísio é tentar privatizar a Sabesp”, defende.

Assunto em alta durante a presidência de Jair Bolsonaro (PL) as pautas de costumes também devem virar discussão no legislativo paulista. Durante os últimos quatro anos, os momentos mais acalorados de discussão no plenário da Alesp foram justamente sobre esses temas. Contudo, apesar de ser do partido de Bolsonaro, o futuro presidente da Alesp não é considerado “bolsonarista raiz”. Por causa disso, a deputada Letícia Aguiar acredita que as pautas de costumes estarão presentes, mas que não devem virar o ponto central dos projetos votados. “Essa questão ideológica é inflamada e vai continuar sendo. Ele não é tanto da ala ideológica, então acho que vai ser um tom mais moderado realmente”, comenta.

Pauta prioritária do governo de Tarcísio, as discussões sobre a privatização da Sabesp também devem marcar a futura legislatura. A oposição já trabalha a frente parlamentar contra a privatização da instituição. Do outro lado, a base de Tarcísio está reticente sobre a questão. Os parlamentares acreditam que sofrerão uma forte pressão popular e que o governo precisa de uma articulação poderosa. O consenso entre os parlamentares nessa nova legislatura é tentar se distanciar das polêmicas que marcaram a Alesp nos últimos anos.

*Com informações do repórter João Vitor Rocha

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