Para especialista, Tereza Cristina conta ‘meia-verdade’ ao dizer que boi é bombeiro do Pantanal
De acordo com Carlos Bocuhy, pela lógica, o crescimento do rebanho bovino renderia menos incêndios
As frases recentes de integrantes do governo em relação ao meio ambiente são “meias verdades” na avaliação do presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental, Carlos Bocuhy. Segundo ele, a fala da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que diz que o boi é bombeiro do Pantanal, agrada somente ao setor que ela representa — enquanto a do presidente Jair Bolsonaro, que diz que floresta úmida não queima, não leva em consideração o desmatamento.
“Se você considerar que nos últimos anos houve um grande crescimento do rebanho bovino, hoje teríamos menos incêndio. Também não é para se dizer que é úmido e não queima. Se você derrubar as árvores, deixar secar no chão e colocar fogo, a floresta queima após a ação humanada da derrubada.” Um dos principais motivos para as queimadas no Pantanal é o fator climático: a falta de umidade e temperaturas mais quentes, naturais desta época do ano, favorecem os focos de incêndio. A ação humana, no entanto, tem consequências diretas para que a tragédia tome outras proporções. Só em setembro, 14% da área do Pantanal foi devastada pelo fogo, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
Para Carlos Bocuhy, o caminho para a solução está nas políticas públicas — com fortalecimento das fiscalizações, investimentos e o fim do sentimento de impunidade para quem provoca danos ambientais. “Uma ação firme do governo no sentido de promover reflorestamento das regiões e, segundo, um plano rigoroso que obriga os que devastaram a serem responsáveis pelo o que foi degradado”, disse. A preservação de um ecossistema tem reflexos em todas as regiões do país. Essa dinâmica hídrica, que envolve o Pantanal e a Floresta Amazônica, é responsável, por exemplo, por 40% da umidade observada em São Paulo.
*Com informações da repórter Nanny Cox
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