Paulistanos enfrentam transporte cheio na volta para casa no primeiro dia após flexibilização
A partir de sábado, 24, o fluxo deve aumentar ainda mais — já que a abertura vai se estender para o setor de serviços
A profissional de RH, Gabriela Alves Monteiro, pega um ônibus, um trem e um metrô todos os dias a caminho do trabalho. Para ela, foi perceptível o aumento de passageiros nesta segunda-feira. “Quando eu venho trabalhar normalmente, quando está tudo fechado, tem lugar para sentar. Mesmo assim ainda é lotado. Hoje, em questão, estava bem cheio. De ficar em pé e esbarrar em outras pessoas.” No primeiro dia útil da nova fase da quarentena, o movimento foi intenso na estação da Luz da CPTM, na região central da cidade.”
Na estação Barra Funda não foi diferente. O cuidador Raimundo Costa passa todos os dias por lá e achou que o que já era cheio só piorou. “Hoje eu senti realmente a reabertura do comércio. A situação já estava bem difícil, agora está mais complicado ainda. Infelizmente.” Desde domingo, 18, o governo de São Paulo autorizou a abertura de atividades religiosas, shopping e lojas de rua. Nesta fase de transição, a taxa de ocupação permitida nos estabelecimentos comerciais é de 25% com horário reduzido. A nova etapa está programada para ficar em vigor até a próxima sexta-feira, 23.
A partir de sábado, 24, o fluxo de passageiros no transporte deve aumentar já que a abertura vai se estender para o setor de serviços. Pesquisadores da Rede de Pesquisas Solidária avaliam que as idas e vindas nas medidas de restrição não são eficazes para conter a propagação da Covid-19. A coordenadora cientifica do estudo, Lorena Barberia, afirma que a fase emergencial de 29 dias não foi suficiente para conter a doença. “A OMS orienta: precisamos aguardar flexibilização até ver que as tendências são robustas e persistentes de queda. Antes disso é muito perigoso a gente flexibilizar.”
Ainda segundo a pesquisa, a falta de um programa de testagem de casos ativos, rastreamento de contatos e apoio para o isolamento de pessoas com testes confirmados e suspeitos, também afetam o controle do contágio. Em nota, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado informou que o plano de medidas de isolamento é dinâmico e que causa espanto que medidas de aprimoramento do monitoramento sejam criticadas sem qualquer subsidio concreto. A pasta ressaltou ainda que todas as mudanças são embasadas em indicadores combinados de forma coerente e sensata. A nova etapa de flexibilização em São Paulo vai até o dia 1º de maio.
*Com informações da repórter Caterina Achutti
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.