Paulo Skaf defende derrubada de veto presidencial à desoneração da folha

Em entrevista à Jovem Pan, o presidente da Fiesp também pediu cautela com a reforma tributária

  • Por Jovem Pan
  • 17/08/2020 08h53
Fepesil/Estadão Conteúdo Na imagem, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf Skaf esteve em missão do Líbano que levou toneladas de medicamentos ao país após tragédia

Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, nesta segunda-feira (17), o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, defendeu a derrubada do veto do presidente Jair Bolsonaro à desoneração da folha de pagamentos, que, agora, está em debate no Congresso. Para ele, diante da crise econômica, é ideal que haja esse benefício para as empresas. “Havia uma desoneração de alguns setores importantes, uma substituição do INSS sobre a folha, compensado com percentual sobre o faturamento da empresa. Isso já estava acontecendo. Havia um aumento de competitividade nesse sentido. O presidente vetou e está no Congresso, há um movimento de derrubar esse veto para que volte até 2021 a possibilidade dessas empresas desses setores continuarem pagando esses percentuais sobre o faturamento e não sobre a folha. Está no debate do Congresso, nós defendemos o retorno desse benefício a esses setores, como era previsto. Considerando que estamos numa pandemia, não me parece de bom senso mexer nestes setores de mão de obra extensa, o ideal seria retornar, derrubando o veto presidencial.”

Outra questão importante é a reforma tributária. Skaf demonstrou preocupação com uma possível recriação da CPMF: “Em relação à reforma Tributária, fala-se em desonerar, mas criando um imposto que lembra a CPMF, que é invisível nos preços (…) . Apanhamos com a CPMF, começou com uma alíquota, mas dobrou em pouco tempo. Ela onera mais pobres e pesa em cima dos investimentos e exportações. Temos restrições quanto ao imposto. Mas a reforma tributária é complexa, cada setor tem sua visão, queremos uma reforma, mas não com aumento de impostos, tem que ser pro bem, o momento é preocupante, já que o Governo Federal tem suas contas complicadas e os estados estão quebrados. O perigo é fazer a reforma neste contexto. É preciso cautela.”

Skaf esteve com Bolsonaro em solenidade que levou missão ao Líbano após a tragédia da explosão em região portuária no país. O presidente da Fiesp afirmou que não conversou com Bolsonaro sobre o teto de gastos – assunto polêmico que vem tomando a pauta econômica no Brasil. Ele, inclusive, comemorou o gesto de solidariedade: “Há relação muito próxima entre os países, diante de uma tragédia, a solidariedade se acentua. Foi uma missão ao pé da letra. Saímos na tarde de quarta, 23 horas de viagem em um cargueiro com 6 toneladas de remédios, e sexta à tarde voltamos para o Brasil, foram apenas 24 horas lá. Estivemos com as lideranças religiosas, presidente, primeiro-ministro, fomos ao porto, visitamos a cidade, vimos pessoas desalojadas e entregamos esse primeiro avião ao exército libanês. O trabalho continuar com a comunidade libanesa no Brasil, e estamos organizando a logística para enviar novas doações.”

“Essa última explosão foi do porto, mas outras existiram antes, de modo figurativo. Economia, área social e política. Foi a gota d’água. O primeiro-ministro pediu demissão e está interino até a escolha do próximo, é uma situação complicada. Independente da situação que deixou mortos e desabrigados, já havia um problema bastante grave, vão ter que encontrar seu caminho. Vamos colaborar emergencialmente, mas há um limite para nos envolvermos soberanamente. Michel Temer, que chefiou a missão, procurou, com cautela, tocar na importância da harmonia e união”, completou.

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