Pesquisa alerta para o risco de pré-eclâmpsia em grávidas que tiveram Covid-19

Em casos mais graves, a condição pode ocasionar rompimento de artérias levando a um AVC

  • Por Jovem Pan
  • 18/08/2021 08h37 - Atualizado em 18/08/2021 10h27
  • BlueSky
Pixabay/Creative Commons Mulher grávida Pesquisa é fruto de uma colaboração entre Universidades do Canadá e da Fapesp

A pré-eclâmpsia é uma complicação da gestação determinada pelo aumento exagerado da pressão arterial. Em casos mais graves, a eclampsia pode ocasionar rompimento de artérias levando a um Acidente Vascular Cerebral. Um estudo publicado recentemente na revista Clinical Science chama a atenção para o risco maior de pré-eclâmpsia para mulheres grávidas que contraem Covid-19. A pesquisa é fruto de uma colaboração entre Universidades do Canadá e da Fapesp. Três brasileiras assinam o estudo. Mariane Bertagnolli conta como foi possível fazer a relação entre os dois.

“Começou também a aparecer nos dados clínicos e populacionais que a gente viu o que a gente chama de uma síndrome muito semelhante a pré-eclâmpsia, mostrando que talvez a Covid-19 ativasse mecanismos que fossem muito semelhantes com a patologia. Foi por isso que veio todo nosso interesse em estudar que talvez o link de tudo isso seja a ek2.” A pesquisadora Nayara Cruz explica que ek2 é a proteína que serve de entrada para a Covid-19 na célula humana. Essa mesma proteína é também responsável pela formação da placenta do bebê. A alteração na placenta pode levar a complicações como pré-eclâmpsia e restrição do crescimento fetal.

“Do ponto de vista fisiológico, a gente sabendo que o vírus interage com essa proteína, a gente acredita que parte desses efeitos da Covid-19 na gestação sejam por conta desta interação”, diz. O artigo divulgado foi o primeiro da pesquisa que ainda quer trazer muitas respostas. Nesta fase, as cientistas coletam placentas de mulheres com Covid-19 e sem Covid-19 para analisar diferenças. A coordenadora aqui no Brasil, Dulce Casarini, dá a dimensão da importância desse tipo de pesquisa. Segundo ela, o mundo está comprometido em reduzir os índices de mortalidade materna. As taxas no Brasil são preocupantes.

“O Brasil é o pais com maior índice de morte de gestante no mundo. O Brasil é o primeiro país em morte de gestantes. Houve um aumento tão exacerbados que chamou a atenção até dos órgãos internacionais de saúde. Nós temos que ter muita atenção a isso no Brasil.” O ginecologista e obstetra Alexandre Pupo Nogueira, que atua em dois dos maiores hospitais particulares de São Paulo, diz que teve casos de pacientes gravidas com Covid-19 e pré-eclâmpsia. Um deles bem delicado, mas com desfecho positivo. O médico alerta para cuidados redobrados em relação a gestantes infectadas com coronavirus.

“O médico não deve desvalorizar esses sintomas. Ele deve se manter muito atento, acho que o diagnóstico precoce da infecção por Covid-19 é fundamental porque, a partir daí você pode iniciar um segmento mais próximo dessa gestante. O uso de exames laboratoriais para avaliar como a Covid-19 está desenvolvendo o quadro inflamatório do corpo. E, frente a qualquer mudança no cenário, rapidamente intervir.” No Brasil, a orientação do Ministério da Saúde quanto a imunização de Covid-19 para gestantes é vacinar gravidas com comorbidades com as vacinas Pfizer ou CoronaVac.

*Com informações da repórter Carolina Abelin 

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.