Pezão diz que Bretas foi arbitrário em processo: ‘Não tenho nenhuma movimentação atípica’

Ex-governador do Rio de Janeiro negou que seja ladrão e criticou o longo período de condenação, que chega a quase 100 anos: ‘Nunca me deram direito de me defender’

  • Por Jovem Pan
  • 09/06/2021 09h15 - Atualizado em 09/06/2021 16h22
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RICARDO CASSIANO/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO O ex-governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão O político disse lamentar e ficar "triste e perplexo" com o que considera a arbitrariedade no julgamento do seu caso

Condenado a quase 100 anos em processos da Lava Jato por crimes como lavagem de dinheiro, organização criminosa, corrupção ativa e corrupção passiva, o ex-governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, se diz injustiçado e pretende recorrer na Justiça contra a condenação, aplicada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Estado do Rio de Janeiro. O político disse lamentar e ficar “triste e perplexo” com o que considera a arbitrariedade no julgamento em seu processo, citando como exemplo o depoimento de uma testemunha que afirmou ter entregue R$ 150 mil no apartamento de Pezão. “Ele falou que entregou no meu apartamento e ele se surpreendeu que esse dinheiro podia ter sido levado pelo assalto que teve no meu apartamento, o apartamento foi arrombado. Eu mostrei, entreguei o meu passaporte, a minha estadia, eu estava na Itália e ele [Marcelo Bretas] não considerou isso em nenhum momento. Qual o valor que essa testemunha tem?”, questionou o ex-governador em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, nesta quarta-feira, 9. “Não existe no país, em lugar nenhum do mundo, uma sentença de 98 anos onde não tem nenhuma prova, só palavras de delatores. Quem me acusa é só quem estava condenado, delações de condenados. Me surpreende, tenho certeza que em outras instâncias vamos demonstrar que foi uma grande arbitrariedade.”

Pezão relata que, após a sua prisão, ocorrida em novembro de 2018, respondeu um questionário da Polícia Federal (PF) com “83 perguntas desconexas” que, segundo ele, citavam até uma conta bancária inativa desde 1997 para justificar a sua movimentação com dinheiro em espécie. “Falaram que eu tinha uma fazenda em Bom Jardim, que tinha comprado à vista, coisa que nunca tive”, afirmou. De acordo com o ex-governador, desde então, nunca comprovaram qualquer envolvimento em desvios de recursos ou movimentações atípicas. “Fiquei preso e nunca me deram direito de me defender e agora mostram diversas incoerências dessa situação”, disse. “Não sou [ladrão] e isso eu demonstrei ao longo da minha vida”, completou, afirmando que em 36 anos de vida pública, nenhum órgão de fiscalização, como o Coaf e a Receita Federal, mostram transações suspeitas. “Estou há sete anos sendo investigado, em nenhum momento mostraram desvios, um dinheiro, não tenho nenhum bem adquirido desde quando entrei como vice-governador, não tenho um carro, não comprei uma casa, um apartamento. Se esses órgãos servem para mostrar movimentações atípicas, por que não servem para absolver?”

O ex-governador disse ainda esperar descobrir por qual razão estaria sendo perseguido. Ele afirmou que, atualmente, é uma “maluquice” ser gestor no Brasil e criticou o longo período levado para investigações no país, citando um processo de superfaturamento no valor de R$ 800 pela compra de uma maca de ferro há 18 anos, quando ocupava o cargo de prefeito, que foi arquivado recentemente. “Não quero fugir das investigações, acho que os órgãos de controle têm que se aprimorar, mas tem que ter prazo”, defendeu. Atualmente, Luiz Fernando Pezão usa tornozeleira eletrônica e é obrigado a permanecer das 20h às 6h em casa. Segundo ele, sua renda vem da aposentadoria de R$ 5.100 paga pelo INSS, da aposentadoria da esposa e do aluguel de um apartamento no Rio de Janeiro.

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