‘Policial para traficante e tratamento para dependente químico’, diz Garcia sobre a Cracolândia

Para o governador do Estado de São Paulo, é necessário continuar realizando ações policiais no centro da capital para prender bandidos e dispersar os usuários, levando-os a buscar ajuda para o vício

  • Por Jovem Pan
  • 07/07/2022 09h17 - Atualizado em 07/07/2022 11h56
Charles Sholl/Estadão Conteúdo rodrigo garcia Rodrigo Garcia, atual governado do Estado de São Paulo e pré-candidato à reeleição

O governador do Estado de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), concedeu entrevista ao vivo para o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, nesta quinta-feira, 7, para falar sobre questões da sua administração, iniciada em maio, após o afastamento do governador João Doria (PSDB). Entre outros assuntos, Garcia destacou a atuação para resolução do problema da Cracolândia no centro da capital paulista e afirmou que vem adotando uma postura de enfrentamento do crime paralelo ao tratamento dos dependentes químicos, junto à prefeitura da cidade. “A Cracolândia continua sendo um objetivo forte do governo, em apoiar a prefeitura, para que a gente dê policial para traficante e tratamento para dependente químico“, disse o governador.

Nesta semana, mais uma operação policial para prisão de traficantes e receptadores ocorreu na cracolândia, tendo como consequência uma revolta de dependentes químicos, que passaram a realizar saques no centro da capital paulista. Segundo Garcia, há um esforço conjunto entre o governo do Estado e a prefeitura de São Paulo. “O Estado entra com suporte policial e a prefeitura entra com recursos na questão do tratamento do dependente químico. A Cracolândia precisa que nós façamos um esforço permanente para poder prender os traficantes e dar tratamentos aos dependentes. Toda ação que você faz gera uma reação (…) É natural que esse esforço gere uma dispersão de fluxo, mas se a gente comparar hoje o número de pessoas que está na Cracolândia com o que a gente tinha no começo do ano, nós reduzimos quase um terço. Nós temos hoje menos de 400 pessoas. Gera transtornos no centro da cidade quando eles caminham, fazem furtos. E a polícia vai precisar continuar agindo diariamente em relação a isso. Ao lado da polícia tem os agentes de saúde, que fazem abordagens, fazem o tratamento de saúde dessa população”, disse Garcia.

Sobre as prisões efetuadas e resultados alcançados na Cracolândia, Garcia comentou a estratégia do seu governo diante da questão: “Muitas vezes o poder público se acomoda, como tivemos no passado, dá um ‘bolsa-crack’, para estimular essas pessoas a continuar consumindo drogas, aumenta o fluxo, e isso fica lá no centro da cidade, quem não passa acaba não vendo isso. Era esse tipo de ação que a gente assistia há alguns anos aqui em São Paulo. O nosso governo resolveu fazer diferente, enfrentar o crime de frente. Nós prendemos muitos traficantes nas operações realizadas pela polícia civil, inclusive traficantes grandes, que exploram esses dependentes químicos e ganham muito dinheiro com isso. Ao lado disso, a prefeitura aumentou as vagas de tratamentos para esses dependentes para que a gente pudesse ter uma porta de saída para essa população”.

Ainda sobre o aumento da sensação de insegurança, com elevação do número de furtos no centro de São Paulo, o governador defendeu a ampliação da quantidade de operações policiais e destacou a operação sufoco: “põe mais policiais nas ruas. Estamos, hoje, com cerca de 9,5 mil policiais todos os dias na capital. Antes da operação sufoco nós tínhamos cerca de 5 mil“. “Esse é um esforço permanente. Nós não vamos parar por aqui. Já autorizei a contratação de novos policiais, estamos autorizando mais compra de equipamentos para a polícia civil. Para que todo esse esforço e esses instrumentos resultem numa melhor segurança para a nossa população. Além dos dados de segurança pública, é fundamental que a sensação de segurança melhore. Hoje, nós vivemos uma retomada econômica e, a polícia precisa agir todos os dias para proteger o cidadão de bem. Essa é a minha orientação”

Sobre a redução do ICMS sobre energia elétrica e gasolina no Estado, o governador disse que qualquer ajuda neste momento, que contribua para a redução do custo do vida dos cidadãos é bem-vinda. “Foi isso que norteou a nossa decisão também de, rapidamente, reduzir [também] o ICMS do gás de cozinha, um valor importante de R$ 3,30. Mas ao lado disso também o aumento que nós demos no mês de maio para o vale-gás para as famílias carentes, que tem R$ 110 a cada bimestre para pode comprar seu botijão de cozinha. Isso faz diferença no orçamento da população mais pobre do Estado de São Paulo.

O governador ainda reforçou que não haverá aumentos nas passagens de transportes e que o dos pedágios foi adiado para o final do ano. “Fiz isso porque todo esforço para não aumentar o custo de vida neste momento aqui em São Paulo é necessário. A população está sofrendo com perda de renda. O mundo inteiro está sofrendo com a inflação, porque se desorganizou as cadeias produtivas do mundo. O mundo está um pouco fora de lugar depois da pandemia. E as pessoas mais pobres estão sofrendo com isso. o governo tem um papel importante nessa retomada econômica. Por isso tomei a decisão de prorrogar o aumento dos pedágios em todo o Estado de São Paulo”.

Já sobre as eleições, Garcia se posicionou como um candidato de terceira via para o governo Estadual. “Eu sou adversário das más ideias e péssimas gestões para São Paulo, não quero que isso se instale aqui no Estado. Eu, de alguma maneira, a minha vida toda, fiz um contraponto ao Partido dos Trabalhadores, ao PT, aqui em São Paulo, mostro sempre a administração que Fernando Haddad fez na capital de São Paulo, que não foi uma boa administração. Na sua [tentativa de] reeleição, ele perdeu para brancos e nulos. Eu continuo sempre defendendo as ideias que me trouxeram até aqui. Defendo o equilíbrio fiscal, uma economia liberal, mas, antes de tudo, apesar de ter minha posição ideológica, defendo também que o diálogo seja permanente, por isso não favorável aos extremos na política. Sempre que me perguntam se eu vou para a esquerda ou para a direita, eu digo: eu quero ir para a frente. E vou dialogar com o candidato à Presidência da República e o presidente eleito pela população, porque, antes de qualquer questão ideológica, vêm os interesses do Estado de São Paulo. E eu sou um gestor muito pragmático, procuro resolver os problemas das pessoas, e não ficar discutindo e brigando na vida política, porque isso não nos leva a avançar”, comentou.

Com aproximação a Luciano Bivar, pré-candidato à Presidência da República do União Brasil, Garcia afirmou sua posição como “terceira via” no Estado de São Paulo, opondo-se aos candidatos de Lula e de Bolsonaro, e destacou que Bivar e Simone Tebet, que tem o apoio do PSDB, terão espaço em sua candidatura para defender suas ideias. “Eu tenho uma ampla aliança formada em São Paulo, que vai se consolidar agora nas convenções, alianças que vão desde partidos que apoiam o presidente Bolsonaro, que apoiam a chamada terceira via, o próprio Solidariedade, que apoia o presidente Lula. Nós temos uma gama de partidos que me apoiam como pré-candidato a governador de São Paulo e que vão ter liberdade total de apoiar os seus candidatos a presidente. O meu palanque aqui em São Paulo é de terceira via, portanto o Luciano Bivar e a Simone Tebet têm espaço para expor suas ideias através da minha candidatura, para poder fazer reuniões conjuntas. Eu conto, sim, com apoio do União Brasil, que é o maior partido do Brasil, conto com apoio do MDB, do Progressistas, do Solidariedade, do Avante, de vários partidos que acreditam que eu posso representar um bom futuro para o nosso Estado”, disse.

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