Preocupação dos empresários, alta dos insumos deve persistir até o fim do ano

Especialistas avaliam os reflexos do descontrole das cadeias produtivas para a retomada econômica

  • Por Jovem Pan
  • 12/07/2021 09h04 - Atualizado em 12/07/2021 17h10
ThisisEngineering RAEng/Unsplash Cercados por peças metálicas guardadas em stands, dois homens e uma mulher olham a tela de um computador em uma ala de uma fábrica de carros Alguns setores, como o automotivo, por exemplo, têm crescimento limitado pela falta de peças, situação que deve normalizar apenas em 2022

O descontrole das cadeias produtivas, valorização das commodities e a consequente alta de insumos são fatores que devem prevalecer até o final do segundo ano de pandemia. O presidente da Abiquim, Associação Brasileira da Indústria Química, Ciro Marino, condena ainda um processo de abertura do mercado brasileiro. “A indústria química brasileira e a Argentina e o Uruguai se juntaram para fazer um manifesto pedindo ao governo brasileiro um pouco mais de parcimônia nesse julgamento e nessa inserção internacional. Ainda não estamos preparados para competir com os países que competimos atualmente na OCDE”, afirmou. Ele ressalta que a carga brasileira chega a 45% no setor, contra 25% no mercado global. A economista-chefe da Rico, empresa da XP, Rachel de Sá, reforça que o desarranjo das cadeias produtivas é mundial no pós-pandemia e analisa o cenário brasileiro. “A gente tem ainda uma recomposição importante de estoques para fazer, então ainda tem espaço para crescer. A demanda não caiu, a gente vê no varejo, por exemplo, o dado do varejo veio um pouco abaixo do esperado, mas isso foi muito levado pelo subsetor de supermercados. Até faz sentido, as pessoas começaram a comprar menos nos mercados e consumir mais no setor de serviço que elas costumavam consumir. Pode afetar a questão industrial, mas não vemos como um entrave para a recuperação da indústria nos próximos meses.”

O setor automotivo tem seu crescimento limitado pela falta de peças. Há demanda, mas a produção não consegue atender, explica o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes. “Esse problema continua no segundo semestre e vamos ter que enfrentar esse tema, cada montadora com a sua estratégia tentando encontrar alternativa, mas esperamos que esse problema também permaneça no segundo semestre. Esse tema vai estar estabilizado, provavelmente, a partir do segundo semestre de 2022”, pontua. O projeto do governo que retoma a tributação dos dividendos recebeu fortes críticas dos setores produtivos. O presidente da Abimaq, José Velloso, da indústria de Máquinas e Equipamentos, avalia que o texto inibe os investimentos. “Do jeito que está o projeto de lei, ele vai inibir investimentos no Brasil. O Brasil vai ser um dos países mais caros para as multinacionais que remetem lucro para fora, o que é normal. Então vai perder atratividade de investimentos, porque vai tributar mais que outros países e vai aumentar o custo de quem empreende”, explica. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira reitera que a reforma tributária está no “caminho certo para corrigir distorções” e que o Congresso terá “serenidade para melhorar os conceitos de simplificar, desburocratizar e dar segurança jurídica”. Segundo ele, o texto não será votado “enquanto não estiver maduro e discutido com todas as bancadas”.

*Com informações do repórter Marcelo Mattos 

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