Produção local da Sputnik V trará ‘soberania para o Brasil’, diz diretor da União Química

Com aprovação da Anvisa, a expectativa é que o país receba 10 milhões de doses da vacina até março

  • Por Jovem Pan
  • 21/01/2021 10h25 - Atualizado em 21/01/2021 10h47
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EFE/EPA/RDIF Frascos da vacina russa contra a Covid-19, Sputnik V O governo da Bahia entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo autorização para compra independente e aplicação de 50 milhões de doses da Sputnik V

Sem depender da importação de insumos, a produção local da Sputnik V trará “soberania para o Brasil”. A avaliação é do diretor de negócios internacionais do grupo União Química, Rogério Rosso. Segundo ele, que é ex-deputado federal e ex-governador do DF, a grande diferença é que o imunizante russo não depende de nenhuma matéria prima de outros países. “Até alguns meses atrás ninguém sabia o que era o IFA, que é a produção da matéria prima, produção do insumo da vacina. Algumas vacinas estão importando o IFA, nós na União Química estamos produzindo [o insumo]. Não vamos depender de matéria prima, a produção vai ser local, isso dá uma soberania para Brasil. Vários países dependem da China e da Índia para a produção dos seus medicamentos. Da nossa parte, o governo russo passa a tecnologia sem cobrar royalties. Essa é uma grande diferença que precisa ser observada”, disse em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan.

De acordo com o diretor da União Química, empresa responsável pela produção da Sputnik V no Brasil, a vacina é totalmente segura e eficaz contra a Covid-19, tendo apresentado resultado de 91,4%. “Na semana passada nós fomos a Moscou, fizemos várias reuniões simultâneas, indo visitar fabricas da Sputnik. Temos todos os dados, estamos recebendo dados da Sputnik V há algum tempo, vimos não só a parte da imunização na Rússia, o que vi foi uma vacina tendo uma força de imunização de 91,4%, em média, sem reação adversa grave em qualquer lugar em que está sendo aplicada”, disse o ex-governador. “O que eu posso dizer os resultados são maravilhoso”, acrescentou.

Os resultados positivos, assim como a possibilidade de uma produção local, acirraram os debates sobre a aprovação da vacina no Brasil. No entanto, em 16 de janeiro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) devolveu o pedido de autorização para uso emergencial de 10 milhões de doses do imunizante, feito pela União Química, alegando falta de informações. Após resposta da agência, o governo da Bahia entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo autorização para compra independente e aplicação de até 50 milhões de doses da Sputnik V. Com isso, nesta quarta-feira, 20, ministro Ricardo Lewandowski determinou prazo de 72 horas para que a Anvisa se pronuncie sobre o pedido feito pela Procuradoria Geral do Estado da Bahia e “esclareça qual o estágio em que se encontra a aprovação do referido imunizante, bem assim eventuais pendências a serem cumpridas pelo interessado”.

Rogério Rosso, no entanto, garantiu a ação do governo baiano é “independente”  e distinta da União Química. Segundo ele, ainda nesta quinta-feira, 21, a empresa fará uma reunião com técnicos da companhia, da Anvisa e do Instituto Gamaleya para “compartilhar todas as informações para ter o pedido emergencial aprovado”. A expectativa é que após aprovação o Brasil receba as 10 milhões de doses da Sputnik V até março. “A percepção que nós temos é que, de fato, o Brasil está sem vacina, está imunizando com a CoronaVac, mas se fizermos um cálculo estatístico, a gente tem 1,3% da população [vacinada]. Então cada vacina que é feita é importantíssima e pode salvar uma vida. O Brasil precisa de alternativas de vacina, desde que seja segura e eficaz. Não tem que ver de onde vem a vacina, se ela é eficaz e está demonstrando no dia a dia eficácia e segurança, precisamos trazer essa vacina.”

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