Recuo na projeção de inflação do mercado não reduz receio com questão fiscal, aponta economista

Em entrevista à Jovem Pan News, Carlos Hotz comentou os resultados do Boletim Focus, do Banco Central, que apontou leve queda, de 5,95% para 5,93%, na projeção do IPCA em 2023

  • Por Jovem Pan
  • 29/03/2023 07h06 - Atualizado em 29/03/2023 10h14
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Marcello Casal Jr/Agência Brasil Calculadora com gráficos da inflação no Brasil IBGE divulga resultado da prévia da inflação (IPCA-15)

A projeção do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2023 feita pelo Boletim Focus, do Banco Central, teve nova queda nesta semana, de 5,95% para 5,93%. Divulgado toda segunda-feira, o relatório resume estatísticas calculadas considerando as expectativas de mercado. O ligeiro recuo da projeção da inflação para este ano não sinaliza uma tendência, mas reforça a preocupação com a nova regra fiscal do Brasil. Em entrevista à Jovem Pan News, o economista Carlos Hotz comparou o cenário a um quarto escuro e afirmou que o mercado aguarda o arcabouço fiscal e a disposição do governo em aplicá-lo: “Você não precisa trazer um plano de responsabilidade fiscal que seja a solução de todos os problemas, que seja perfeito. Mas você dar alguma previsibilidade para o mercado não é positivo, é necessário, é extremamente necessário para a continuação das expectativas econômicas”. A ata do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), divulgada nesta terça-feira, 28, ressaltou as dúvidas da autoridade monetária com relação à política fiscal do governo e o desejo de uma regra clara e crível das regras que vão substituir o teto de gastos.

“Você precisa ter os poderes conversando. Vale lembrar que esse atrito não é positivo para ninguém. Quando chegou na segunda-feira e o próprio presidente Lula sinalizou que não ia ser apresentado o arcabouço fiscal, então descumpriu quase que um combinado, um acordo de cavalheiros sobre a apresentação do arcabouço. Além disso, o presidente voltou a aumentar o tom com críticas não só à instituição, mas também criticas diretamente à pessoa do Roberto Campo Neto. Então, A gente precisa lembrar que, seja do lado do Banco Central, seja do lado do governo, a gente precisa ter um relacionamento institucional. A gente precisa voltar a conversar de forma institucional. É isso que não está acontecendo”, criticou Hotz. O impedimento do presidente Lula (PT) de viajar para a China ampliou ainda mais a expectativa da apresentação do novo arcabouço fiscal pelo Ministério da Fazenda ainda nesta semana, algo que ainda é incerto por parte do ministro Fernando Haddad. Confira a entrevista completa com o economista Carlos Hotz no vídeo abaixo.

*Com informações do repórter Marcelo Mattos

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