‘Reforma tributária foi deixada de lado’, critica deputado Mauricio Marcon
Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, o parlamentar do Podemos disse que não aposta na aprovação da proposta ainda no 1º semestre, mas defendeu a simplificação dos impostos no Brasil
As principais lideranças do Governo Federal e do Congresso Nacional têm se articulado para votar a proposta de reforma tributária antes do recesso parlamentar, em julho, como tem apontado o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP). Para falar sobre a proposta de reformulação dos impostos sobre o consumo no Brasil, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o deputado federal Mauricio Marcon (Podemos), que avaliou a reforma e apontou ceticismo em relação à sua aprovação: “Se dizia em Brasília que, se esse projeto não fosse aprovado até o fim do primeiro semestre, não se aprovaria mais. Nos últimos dias a gente teve muita discussão sobre o arcabouço fiscal e a reforma tributária foi basicamente deixada de lado. Semana passada, basicamente o que norteou as conversas aqui foi a cassação de Deltan Dallagnol. O máximo que poderemos conseguir é uma simplificação de impostos.
“Ao contrário do arcabouço fiscal, onde ninguém tinha grandes interesses setoriais para defender, quando a gente fala de reforma tributária a gente tem um lobby enorme, tanto do agro, como das indústrias e de todos os setores para que o ‘assado seja mais puxado para sua brasa’. Eu vejo uma dificuldade enorme de aprovarmos uma reforma profunda nesse primeiro semestre. Vejo uma possibilidade muito pequena, ao contrário do que o presidente Lira afirmou nessa semana, de que até o fim do recesso devemos aprovar. Não vejo essa sinalização, não vejo esse conforto dos parlamentares em aprovar tal proposta. No momento ela nem existe ainda, a gente não tem nem tempo para discutir. Se diz uma mistura entre duas PECs, mas algo concreto a gente ainda não tem”, argumentou.
O deputado gaúcho também analisou a proposta do arcabouço fiscal, que deve ser votada ainda nesta semana na Câmara dos Deputados. Apesar da perspectiva de aprovação, para ele ainda são necessárias mudanças no texto: “Alguns parlamentares votam conforme o partido manda. Não quer dizer que os parlamentares entendam o que estão votando. Vejo que o arcabouço é muito ruim (…) Deve ser aprovado, mas a gente precisaria colocar um pouco mais de responsabilidade nele. Hoje, no meu entender, basicamente é um cheque em branco para o governo gastar indiscriminadamente. A gente não têm, por exemplo, uma emenda que pare com os gastos caso a relação dívida/PIB ultrapasse determinada porcentagem. Hoje, essa relação é de 73%, o governo diz que ela deve chegar a 80%. Mas técnicos do Insper calculam que ela possa chegar a 92%, o que vai fazer com que tenhamos mais juros e uma depressão econômica lá na frente”.
Marcon ainda criticou as recentes articulações do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), que tem atraído prefeitos para seu partido no intuito de fortalecer a legenda nas eleições municipais do ano que vem: “Infelizmente é a política que a gente vive no Brasil. O cara que ajudou a construir o PSDB, hoje vai terminar de destruir o PSDB, quando a gente vê que a maioria dos prefeitos e vereadores que ele tenta atrair são do PSDB. O que ele pode oferecer normalmente? Verbas através de emendas para que estes façam parte do seu partido. É a velha política do Brasil, quem é aliado tem as benesses do poder, quem não é infelizmente fica à míngua”. Confira a entrevista completa no vídeo abaixo.
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